O historiador Valdei Lopes de Araujo discutirá nesta edição do Encontro às Quintas as transformações na relação entre a escrita da História e algo externo a ela – tempo, passado ou realidade. A afirmação que parece estar implícita na frase título da palestra – de que pode-se aprender algo com a História – é uma das mais antigas e enigmáticas, aponta o pesquisador.
Quando tal asserção não é questionada, a resposta parece naturalmente indicar que sim, que estuda-se e escreve-se História a partir da crença de que desta atividade resulta, além de conhecimento, um certo grau de aprendizado, defende o Araujo. Esse aprendizado teria uma natureza ética que garantiria certa superioridade às sociedades de elevada consciência histórica.
Após um breve panorama das respostas historicamente dadas a essa pergunta, Araujo, que é professor adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), centrará sua fala na descrição da nossa situação atual e de como é possível pensar a relevância ou a irrelevância da historiografia para o mundo contemporâneo.
Longe de repetir um discurso condescendente e supostamente edificante, ele pretende argumentar pela urgência de que os historiadores revisem a consciência que têm de sua atividade como tal e de seu lugar no que classifica de “sistema hegemônico da ciência” nas universidades e institutos de pesquisa.
Araujo tem graduação e mestrado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e doutorado em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com estágio na Universidade de Stanford (EUA). Ele tem experiência na área de História da historiografia e participa do conselho editorial do periódico História da Historiografia. Entre 2010 e 2012, o pesquisador integrou a diretoria da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH).
O historiador é autor do livro A experiência do tempo: conceitos e narrativas na formação nacional brasileira (1813-1845). Recentemente, publicou, com Helena Mollo e Fernando Nicolazzi, a obra Aprender com a história? O passado e o futuro de uma questão, em torno da qual centrará sua fala neste Encontro às Quintas.
