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Mestrado em Divulgação Científica na COC apresenta primeiras dissertações

19 out/2018

Os alunos da primeira turma de mestrado do Programa de Pós-graduação em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) apresentaram os resultados das primeiras dissertações desenvolvidas no âmbito do Programa. Blogs científicos, zika-microcefalia-aborto, uma pesquisa exploratória sobre o público potencial do Museu da Vida da COC, além de um estudo sobre o discurso científico na produção de José Reis no Grupo Folha, foram alguns dos temas abordados pelos treze novos mestres que iniciaram o curso em 2016. O Programa tem como objetivo formar pesquisadores qualificados para a produção de novos conhecimentos que visam incrementar o diálogo dos campos da saúde, da ciência e da tecnologia com a sociedade e que induzam o desenvolvimento de novas ações e estratégias de divulgação científica.

“A área de divulgação científica é relativamente nova no mundo, começou a tomar corpo nos anos 1980 e foi intensificada mais recentemente. Logo, a pesquisa acadêmica pode ajudar na prática da divulgação científica, na medida em que apresenta evidências científicas para entender melhor a relação entre ciência e público, além de como melhorar e incrementar esta relação”, destacou Luisa Massarani, coordenadora do Programa. O mestrado é resultado de uma parceria da COC com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), a Fundação Cecierj e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O potencial e a evolução dos blogs brasileiros na comunicação da ciência motivaram a pesquisa “Blogues científicos nacionais e a sua atuação na interface entre a academia e a sociedade”, apresentada pelo biólogo José Antônio Dias da Silva e orientada pelo pesquisador da COC Fábio Castro Gouveia, que buscou caracterizá-los por meio de um mapeamento extensivo, reunindo informações sobre quantidade de acessos e conexões com outros blogs, sites e redes sociais. O estudo mostra também como os blogs se articulam com formas alternativas de avaliar o impacto dos artigos científicos publicados em revistas especializadas. Para saber mais sobre o estudo, clique aqui.

“Qual a palavra que nunca foi dita? Vozes e discursos nas notícias sobre zika-microcefalia-aborto” foi o tema da dissertação do jornalista Washington Luis Carbone Castilhos, que teve orientação da pesquisadora da COC Carla Almeida. Para analisar como os jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Washington analisou matérias publicadas entre novembro de 2015 e dezembro de 2016, e levantou questões relacionadas ao direito ou não de mulheres grávidas infectadas pelo vírus zika em escolher interromper a gravidez, quais os argumentos utilizados pelos jornais. Clique aqui e confira os resultados da pesquisa.

Por que escolas públicas localizadas no entorno da Fiocruz ainda não trouxeram seus alunos para conhecer o Museu da Vida? Este foi o questionamento feito pela bióloga Eliza da Cunha Cabral na sua pesquisa “O público potencial escolar do Museu da Vida: um estudo exploratório em escolas da zona norte da cidade do Rio de Janeiro”, com orientação da pesquisadora Vanessa Guimarães. Por meio de um questionário aplicado à equipe docente e administrativa responsável por selecionar as atividades complementares realizadas pelas escolas, o estudo apontou que a falta de transporte e a verba reduzida foram os principais motivos para que as escolas não visitem o Museu. Os participantes registraram também o desejo de que as visitas aconteçam e de que se estabeleça uma maior aproximação entre o Museu e as escolas. Leia mais sobre o tema.

Cientista, jornalista, divulgador: José Reis, divulgador científico singular, que ajudou a consolidar instituições importantes para a ciência brasileira, foi o tema da dissertação da jornalista Juliana Passo “A acomodação do discurso científico na produção de José Reis no Grupo Folha”, sob orientação da pesquisadora Luisa Massarani. O estudou destacou a produção intelectual do divulgador. Leia a entrevista com a autora, clique aqui.

Objeto de estudo da jornalista Marina Lemle, a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (HCSM), editada pela Casa de Oswaldo Cruz e disponível em acesso aberto no portal SciELO, foi um dos primeiros periódicos científicos brasileiros a criar blogs e páginas nas redes sociais. Ela analisou dados do SciELO, do blog e do Facebook da revista e buscou compreender os caminhos trilhados pelo público e o potencial das redes sociais na comunicação e divulgação da ciência. A dissertação "Para pares e ímpares: a experiência da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos no Facebook", orientada pelo pesquisador da COC Fábio Gouveia, enfocou somente as mídias em português. Clique aqui e confira a entrevista do “Conta aí, mestre”.

O Museu de Ciências da Terra foi alvo da dissertação “A divulgação científica no Museu de Ciências da Terra: aspectos históricos e dimensões educativas” da historiadora Nathalia Roitberg, com orientação do pesquisador Ildeu de Castro Moreira, que traçou um panorama histórico do surgimento do Museu e fez uma análise das estratégias que têm sido empregadas para tornar suas práticas museológicas mais eficazes. Leia mais

A dissertação "A percepção da ciência entre mulheres da terceira idade: um estudo de caso com matérias do Jornal Nacional", desenvolvida pela jornalista Brena Pires, sob orientação das pesquisadoras Marina Ramalho e Luisa Massarani, investigou a recepção de matérias de ciência do Jornal Nacional, da TV Globo, por parte de um grupo específico de telespectadores do programa: mulheres com 60 anos ou mais. As idosas foram convidadas a assistir, em grupos, a matérias sobre ciência veiculadas no telejornal. A exibição dos vídeos motivou conversas, que foram gravadas, transcritas e analisadas por Brena. Confira a entrevista e saiba mais sobre os resultados. 

Já a jornalista Erika Blaudt estudou materiais informativos de cinco campanhas oficiais sobre gravidez na adolescência. De acordo com o estudo "Análise de materiais educativos desenvolvidos em campanhas oficiais sobre gravidez na adolescência no Brasil: implicações para a prática e a educação em saúde", desenvolvido sob orientação do pesquisador Frederico Peres, alguns desses materiais buscavam, de fato, uma aproximação com o público adolescente e jovem, utilizando uma linguagem textual clara e objetiva, além de uma estética identificada com o grupo. Entretanto, muitas vezes, em vez de destacar as responsabilidades compartilhadas por meninos e meninas, os materiais colocavam o foco excessivamente sobre a adolescente. Saiba mais sobre o estudo, clique aqui.

As primeiras defesas de dissertações da primeira turma do mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde foram realizadas entre julho e agosto de 2018. Ao todo, 13 trabalhos produzidos no âmbito do Programa foram apresentados.