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Intelectuais, cientistas e modernização no Brasil

13 nov/2013

Personagens importantes em momentos diferentes da história das ciências e da saúde no Brasil, Oswaldo Cruz e Frei Veloso estiveram no centro das discussões da mesa-redonda que abriu o segundo dia do seminário Estado, Intelectuais e Modernização no Brasil: Perspectivas da História das Ciências e da Saúde. A atividade foi mediada pela professora Giselle Venâncio, do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), instituição que promoveu o evento em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC).

Em sua palestra, a pesquisadora Nara Azevedo expôs o caso de Oswaldo Cruz e do Instituto de Manguinhos para discutir a profissionalização da ciência no Brasil. Ela fez um recorrido pela história, partindo do surgimento da instituição, com a criação do Instituto Soroterápico, na esteira da epidemia de peste bubônica que ocorrera no final de 1899 em Santos (SP), quando Oswaldo Cruz foi chamado a colaborar com os médicos paulistanos.

Entre os elementos que permitem entender a maneira como o Instituto Soroterápico, rebatizado de Instituto Oswaldo Cruz em 1908, e Oswaldo Cruz contribuíram para a profissionalização científica no campo da saúde pública e da biomedicina, Nara elenca a constituição de uma expertise científica e o estabelecimento da prática de ensino e treinamento aliada à pesquisa. Essa última característica é uma marca da instituição até hoje. “A Fiocruz abriga hoje o maior número de pós-graduações em instituições não universitárias”, afirmou ela sobre a fundação, à qual o IOC é vinculado.

O tema central da apresentação da pesquisadora Dominichi Miranda de Sá foi o processo de especialização do trabalho científico e a afirmação do cientista como categoria profissional nas três primeiras décadas do século 20, com ênfase na geração que criou a Academia Brasileira de Ciências em 1916. Ela abordou ações de valorização da ciência: as campanhas para a defesa da criação de universidades no País e para a ampliação da educação por meio da divulgação científica.

“No Brasil, a defesa da especialização científica teve como correlato mais imediato a necessidade da tradução popular dos conhecimentos que se iam tornando cada vez mais inacessíveis. E a divulgação científica preocupava, em especial, os membros da Academia de Ciências”, disse. Uma das empreitadas nesse sentido foi a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC, projetada para propagar ciência e cultura entre os brasileiros analfabetos

Já a pesquisadora Lorelai Kury falou sobre Frei Veloso (1742-1811) em sua apresentação, intitulada Ilustração e ciência útil no espaço luso-americano (1750-1820). Nascido em Minas Gerais, ele começou sua atividade editorial em Portugal. Segundo Lorelai, Veloso defendia uma literatura acessível ao público em geral, que fosse lida, entendida e utilizada de forma mais ampla. Ele fundou, em 1799, a Casa Impressora do Arco do Cego em Lisboa. A empreitada era parte do projeto de investigação e divulgação do conhecimento sobre natureza do Brasil e sua potencialidade econômica.