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Documentário narra a trajetória de Luiz Fernando Ferreira

10 abr/2014

Produzido e dirigido pela pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (COC) Stella Oswaldo Cruz Penido, o documentário Fé Eterna na Ciêncianarra a trajetória do médico, pesquisador e professor emérito da Fiocruz Luiz Fernando da Rocha Ferreira da Silva. A obra retrata, ao mesmo tempo, a vida simples do professor, que usa o metrô e o ônibus para chegar a seu local de trabalho, a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp), e o cientista dedicado que fundou a paleoparasitologia, ciência que estuda a presença de parasitos em animais extintos e múmias pré-colombianas.

Os interessados podem assistir ao documentário na COC, mediante agendamento, ou solicitar uma cópia, arcando com os custos do envio. As solicitações devem ser feitas pelo e-mail consulta@coc.fiocruz .br ou pelo telefone (21) 3882-9124.

O documentário, de 25 minutos, traz uma série de depoimentos, além de imagens históricas do acervo da COC, que retratam a construção do Castelo da Fiocruz e outros prédios erguidos em Manguinhos no início do século 20, como o Pavilhão do Relógio, originalmente chamado de Pavilhão da Peste. Em 2012, Luiz Fernando ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências Naturais com o livro Fundamentos da paleoparasitologia, organizado em parceria com Adauto José Araújo, também pesquisador da Ensp, e Karl Jan Reinhard, da Universidade de Nebraska (EUA). A publicação foi lançada pela Editora Fiocruz em comemoração aos 111 anos da Fundação.

Em uma passagem do documentário, Luiz Fernando diz que ciência e religião são compatíveis. “É muito [mais] confortável você pensar que, depois de morto, vai para o céu, do que pensar que tudo acaba. A ciência responde como; a fé, a religião, explica o porquê”, afirma.

O pesquisador desenvolve suas atividades no Departamento de Ciências Biológicas (DCB/ENSP/Fiocruz), criado por ele na década de 1960. É importante incentivador da formação de recursos humanos para a saúde nos diferentes níveis escolares, aparecendo também como referência mundial nas pesquisas paleoparasitológicas. Luiz Fernando é o principal responsável pelo aperfeiçoamento de grupos de pesquisadores nacionais e estrangeiros nesta área.

No documentário, ao falar sobre os cientistas que o inspiraram a seguir carreira na ciência, Luiz Fernando cita Adolpho Lutz, que desenvolveu importantes trabalhos como médico e pesquisador no campo da zoologia no Brasil. “O meu ídolo é essa gente de Manguinhos, especialmente o Dr. Adolpho Lutz. As histórias do Dr. Lutz, eu repetia, contava; foi uma coisa que me marcou […] Agora, o mestre que me ensinou foi José Rodrigues da Silva, catedrático na época em doenças tropicais. Doença tropical mexia com laboratório, mexia com clínica também”, explica.

No documentário, Luiz Fernando manifesta seu amor à ciência em tom de brincadeira, comparando a si mesmo e o amigo, o pesquisador Adauto José Araújo, a personagens de Miguel de Cervantes. “Um dia, Quixote disse: Eu não me lembro mais quantas guerras ganhamos, quantas perdemos. Nem me lembro mais se as nossas guerras eram justas ou injustas. Agora, lembro muito bem quanto nós nos divertíamos nas nossas guerras”, afirma. “Esse é o resumo da história da ciência para mim”, sentencia o pesquisador.

Luiz Fernando nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1936. Formou-se em Medicina pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil, onde concluiu, em 1962, o doutorado. Em 1966, ingressou como professor titular da disciplina de Parasitologia na recém-criada Fundação Escola de Saúde Pública. Em 1978, criou a Paleoparasitologia motivado pelo questionamento em torno da autoctonicidade da esquistossomose mansônica no Brasil. Isso foi possível graças à investigação do parasito em fezes humanas preservadas (coprólitos), originadas de diversos sítios arqueológicos brasileiros. O pesquisador presidiu a Fiocruz em 1990.

Produzido em 2013, o documentário Fé Eterna na Ciência, frase cunhada por Oswaldo Cruz, é uma realização da COC. Para a Stella Penido, Luiz Fernando Ferreira possui uma “relação lúdica com a ciência”. “Ele criou um campo do conhecimento e tem muito reconhecimento nessa área”, disse a diretora e produtora. Ela destaca ainda a erudição do professor emérito: “É um tipo de formação que não existe mais.”