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COC levará 17 trabalhos ao Simpósio Nacional de História

12 jul/2013

Com temas que vão da institucionalização das ciências biológicas e naturais no Brasil e no México ao papel da doença nervosa de Mário de Andrade na construção da identidade do escritor modernista, a produção acadêmica que a Casa de Oswaldo Cruz (COC) levará ao 27º Simpósio Nacional de História é marcada pela diversidade temática. Ao todo, onze pesquisadores apresentarão trabalhos e outros quatro coordenarão simpósios temáticos no evento da Associação Nacional de História (Anpuh), entre os dias 22 e 26 de julho, em Natal (RN).

 

O pesquisador Luiz Antonio Teixeira vai levar ao encontro uma análise do desenvolvimento dos conhecimentos e práticas médicas sobre o câncer de colo de útero no Brasil. Ele abordará desde o modelo original de combate à doença desenvolvido por ginecologistas brasileiros nos anos 40 e 50 até o cenário atual, passando pela introdução do teste papanicolau nos anos 80.

 

Na apresentação O ‘trabalho social’ em projetos públicos de habitação: alguns pontos para a análise da atuação do PAC – Favelas (2008-2012), os pesquisadores Tania Fernandes e André Luiz da Silva Lima analisam o processo de abordagem social dos agentes públicos junto a moradores de localidades populares. Eles buscam identificar algumas similitudes entre o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e outras operações voltadas à erradicação das favelas a partir da década de 1960, especialmente no Rio.

 

O discurso médico sobre as doenças cardíacas como questão social no Brasil durante as décadas de 1930 e 1940, em especial durante o período do Estado Novo (1937-1945), é o foco do trabalho da pesquisadora Simone Kropf. Ela apresentará os resultados iniciais de sua pesquisa, sob o argumento de que a afirmação da importância destas doenças e da cardiologia esteve diretamente relacionada ao processo político-social mais amplo relativo às transformações promovidas pelo governo de Getúlio Vargas no mundo do trabalho.

 

A pesquisadora Dominichi Miranda de Sá discutirá a importância das trajetórias e ideias de cientistas brasileiros na criação de agendas e instituições que configuraram as primeiras tentativas de gerir, em âmbito federal, a exploração dos recursos naturais no País. O trabalho Agricultura e Ecologia no Brasil: desenvolvimentismo e conservacionismo em trajetórias e instituições (1938-1972) dá ênfase à atuação de engenheiros agrônomos em postos-chave do Estado brasileiro.

 

Já a pesquisadora Maria Rachel da Fonseca apresentará um estudo sobre o processo de institucionalização das ciências, especialmente biológicas e naturais, no México e no Brasil, no contexto de consolidação e modernização do Estado Nacional, no período de 1860 a 1900. O trabalho (Educação e ciência no contexto de consolidação e modernização do Estado Nacional no México e no Brasil – séc. XIX/XX) tem como base a análise do processo de criação e consolidação de instituições de ensino

 

Intitulada A doença nervosa de Mário de Andrade: neurastenia e identidade, a apresentação do pesquisador Robert Wegner sustentará a hipótese de que a doença nervosa teve importante papel na construção da identidade do escritor modernista.  Conforme o pesquisador, por diversas vezes em sua correspondência, Mário de Andrade evocou a morte do seu irmão mais jovem, ocorrida em 1913, e a crise nervosa que se deflagrou em seguida, da qual nunca se desvencilhou por completo.

 

No trabalho Loucura e Sociedade na Capital Federal da Primeira República: entre práticas e discursos, Cristiana Facchinetti analisa do papel da psiquiatria na sociedade carioca durante seu processo de institucionalização entre os anos de 1900 e 1930. Ela constrói correlações entre a demografia e o movimento de pacientes no Hospício Nacional de Alienados com questões internas à ciência psiquiátrica ao longo de todo esse período – entre as quais mudanças de matrizes teóricas, classificatórias, na assistência e nas práticas.

 

Também apresentarão trabalhos os pesquisadores Jaime Benchimol, Tânia Pimenta, Carlos Fidelis, Fernando Dumas, Luiz Otávio Ferreira, Inês Santos Nogueira, Renato da Gama-Rosa Costa, Nísia Trindade Lima, Gisele Sanglard e Anna Beatriz de Sá Almeida.

 

Além de estar representada pelos onze trabalhos, a COC terá pesquisadoras coordenando quatro simpósios temáticos: História da Loucura e da Psiquiatria: representação, experiências e patrimônio (Ana Teresa Venâncio); História da Saúde e das Doenças: representações, conhecimento científico e instituições (Dilene do Nascimento); Assistência, políticas públicas e sociedade no Brasil (Gisele Sanglard); e As sensibilidades e a subjetividade na produção do conhecimento histórico sobre as artes, as ciências e o pensamento (Nísia Trindade Lima).