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Casa de Oswaldo Cruz recebe acervo de Alina Perlowagora-Szumelewicz

06 dez/2018

Alina Perlowagora-Szumelewicz examina macaco em laboratório
Alina pesquisou a febre amarela e outras doenças. Foto: Acervo COC

Em mais de 50 anos de carreira no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Alina Perlowagora-Szumlewicz dedicou-se a diversas linhas de pesquisa, desde estudos de fisiologia humana, virologia, imunologia e controle de vetores à biologia de vetores. Ao longo de sua trajetória, contribuiu para as pesquisas de febre amarela, esquistossomose e doença de Chagas, e ajudou a formar técnicos e outros cientistas. Diversos itens do acervo da cientista passam agora a integrar o arquivo histórico da Fiocruz, sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz (COC). O conjunto documental foi encaminhado à unidade durante o evento ‘Alina Perlowagora-Szumlewicz: homenagem a uma pioneira da pesquisa biomédica no contexto do resgate do centenário de independência da Polônia’, promovido pelo IOC. Ao longo de sua trajetória em Manguinhos, a pesquisadora publicou dezenas de trabalhos científicos sobre febre amarela, doença de Chagas e esquistossomose.

Composto por fichas funcionais, fotos e mais de 50 artigos publicados, o acervo será organizado e disponibilizado posteriormente para pesquisa do público. “É uma satisfação muito grande receber esse material”, destacou o diretor da COC, Paulo Elian. Segundo ele, a pesquisadora, que chegou ao Brasil como refugiada da Segunda Guerra Mundial, teve uma trajetória similar a de outros profissionais nas décadas de 1940 e 1950, com passagens pelos serviços sanitários, como o Serviço Nacional de Malária. “Estes itens se somarão a outros documentos relativos à pesquisadora que já integram o acervo sob custódia da unidade”. explicou.

Brasileira naturalizada, Alina Perlowagora-Szumlewicz nasceu na Polônia em 1911. Formou-se em Ciências Naturais pela Universidade de Varsóvia, onde obteve o título de doutora em Filosofia, em 1935. A guerra obrigou a pesquisadora a interromper suas atividades, entre as quais o curso médico, entre 1939 e 1942, também em razão de sua origem judaica.

Febre amarela

A trajetória da pesquisadora foi marcada por seus estudos sobre a febre amarela. Velha conhecida das autoridades sanitárias brasileiras desde o início do século 20, a doença ressurgia como agravo epidemiológico na década de 1930 na região Sudeste, sob a forma silvestre. Com o apoio da Fundação Rockefeller, o país enfrentou essa nova modalidade de transmissão da febre amarela, que também ameaçava outras áreas do continente americano. Entre as muitas ações, foi instalado um núcleo de pesquisa contra o vírus amarílico, no Instituto Oswaldo Cruz, onde Alina começou a trabalhar, após participar de uma seleção em edital internacional lançado pela instituição norte-americana. Com isso, juntou-se a outros especialistas interessados em pesquisar diagnóstico da infecção pelo vírus da febre amarela.

De 1951 a 1966, Alina teve publicados 21 trabalhos importantes sobre biologia e fisiologia de moluscos transmissores da esquistossomose, bem como a ação dos moluscicidas e a resistência dos vetores à sua aplicação. Essa era uma nova linha de pesquisa no Instituto de Endemias Rurais (Ineru) coordenada pela cientista.  No Laboratório de Doenças Parasitárias do National Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos, a pesquisadora trabalhou com Louis Olivier, com quem publicou 10 trabalhos de grande repercussão nas revistas Science e Nature, na década de 1960. Nessa época, dedicou-se às novas vertentes de estudos sobre imunoproteção, que contribuíram na tentativa de desenvolvimento de uma vacina contra o Schistosoma mansoni. A cientista Alina Perlowagora-Szumlewicz faleceu aos 86 anos, em 1997.