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Casa de Oswaldo Cruz lamenta morte de Lydio Bandeira de Mello

14 nov/2023

Foto: Reprodução.

Unindo-se a familiares, amigos e colegas, a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) lamenta profundamente o falecimento do pintor Lydio Bandeira de Mello, aos 94 anos. Reconhecido expoente da arte mural no Brasil, o artista manteve, ao longo dos últimos anos, estreita parceria coma a Casa em ações de preservação e valorização das artes integradas à arquitetura, contribuindo para a perpetuação de saberes tradicionais em risco de desaparecer. Bandeira de Mello morreu em 13 de novembro. O velório e o enterro ocorreram no dia 15, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Com Bandeira de Mello como professor, a Casa promoveu, entre agosto de 2013 e dezembro de 2014, o curso de pintura tradicional A arte e a técnica do afresco. O curso deixou como legado para a cidade do Rio de Janeiro 13 murais, executados pelos alunos em cinco edifícios de uso público. A Biblioteca Parque de Manguinhos e a Igreja São Jerônimo Emiliani, em Manguinhos; a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, na Maré; e a Igreja São José Operário e o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, em Jacarepaguá.

A experiência do curso – e a relação de aprendizado e afeto entre o mestre e os alunos – foi registrada e resultou no filme documental Bandeira de Mello e a arte do afresco, dirigido por Cristiana Grumbach. A obra – que busca valorizar e divulgar o trabalho do artista e despertar o interesse de jovens e adultos pelo universo dos ofícios tradicionais que permeiam o patrimônio arquitetônico brasileiro – integra a série Mestres e Ofícios.

Bandeira de Mello foi um dos raros artistas brasileiros que dominaram com precisão a técnica do afresco. Desde a sua graduação, pela Escola Nacional de Belas Artes (Enba), em 1951, seu talento e apuro técnico foram reconhecidos por meio de diversos prêmios. O artista nasceu em 20 de junho de 1929 na cidade de Leopoldina (MG). Era filho do advogado, matemático e filósofo Lydio Machado Bandeira de Mello e de Amália Introcaso Bandeira de Mello. Começou a pintar aos seis anos, usando tintas presenteadas por uma vizinha.

Nos anos de 1961 e 1962, Bandeira de Mello viveu na Itália, onde se dedicou a estudar os grandes muralistas que se destacaram entre a idade Média e o fim do Renascimento. Lá executou dois painéis no Santuário de Poggio Bustone, em uma ermida (pequena igreja) construída por São Francisco de Assis em 1209 e reconstruída parcialmente após ser atingida por terremoto em 1948. Este trabalho de Bandeira de Mello é hoje considerado uma das grandes obras brasileiras em âmbito internacional.

Nosso sincero agradecimento por todo o saber e vida compartilhados com grande generosidade e por todo o seu legado a nós deixado.