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Autonomia na produção de exposições é tema de Simpósio de Educação em Museus

25 mar/2014

Martha Marandino, Marília Cury e Vanessa Guimarães
Marília Cury (centro): Estamos sujeitos a exposições fechadas,
concebidas por equipes de fora, terceirizadas. Foto: Vinicius Pequeno.

Uma discussão sobre perspectivas conceituais na pesquisa abriu as atividades do dia 25 de março no “Simpósio de Educação em Museus”, promovido no Museu da Vida. Um dos temas abordados foi a autonomia dos museus na produção das exposições, tema pesquisado por Martha Marandino, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

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“O financiamento [de uma exposição] é definidor do que vai ser o discurso pedagógico final de uma exposição”, declarou. “As agências de financiamento condicionam a produção das exposições […] Muitas vezes, desenvolvem-se projetos para responder aos editais [de financiamento]”, avaliou. Ela ressaltou que o discurso de uma exposição é resultado de uma série de negociações entre agentes internos e externos dos museus.

Marília Xavier Cury, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, que também integrou a mesa, lembrou que os educadores lutam há décadas para participarem da construção das exposições. Essa inclusão, segundo ela, depende de modelos e práticas adotadas pelos museus mas também da força política dos educadores museais. “Estamos sujeitos a exposições prontas e fechadas, muitas vezes concebidas e executadas por equipes de fora, terceirizadas”, disse.

Em sua apresentação Marília diferenciou os museus tradicionais, cujo modelo vem do século 19, e o que chama de museus em transição. “É um museu que faz experimentações, que rejeita alguns elementos do museu tradicional e testa novos elementos”, definiu. Segundo ela, é peculiar ao museu em transição a ideia de inclusão social, enquanto que o museu tradicional tem caráter excludente.

Para ela, a pesquisa em educação em museus precisa estabelecer um debate com o que acontece na prática das instituições.  “O pesquisador deve interferir na práxis do museu e a práxis deve pautar a pesquisa e a construção do saber”, defendeu a pesquisadora, que entende a educação museal como um processo comunicacional. “A comunicação provoca a troca, o diálogo, a reciprocidade e o conflito positivo. Nos museus, o conflito é necessário para explicitar os jogos de poder que existem na sociedade”, afirmou.

Durante a manhã, outra mesa debateu o tema “Objeto no contexto da educação em museus”. Em sua apresentação, Adriano Dias de Oliveira, do Museu de Microbiologia, ligado ao instituto Butantan, falou sobre o potencial educativo do uso de dioramas – instalações que buscam reproduzir cenas da vida real – em museus de ciência. “Os dioramas sensibilizam e provocam emoções nos visitantes pela riqueza de detalhes que trazem e pela proximidade [que simulam]”, disse. Também participou da mesa Alda Lucia Heizer, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico.