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Atores revelam como construíram seus personagens

16 abr/2011

Diferentes histórias de vida, mas uma coisa em comum, o amor pela arte. Assim se definem os dois atores que atuam na peça “Sangue Ruim”, exibida na Tenda da Ciência, do Museu da Vida, às terças, quartas e quintas, em dois horários: 10h30 e 13h30.

Paula Alexander e Izak Dahora são os atores que interpretam os personagens Clare e Patrice, respectivamente. Clare é uma pesquisadora inglesa bem estabelecida, que coordena um estudo na África com mulheres grávidas portadoras do vírus causador da Aids. Patrice é um jovem africano que pede ajuda a cientista para praticar inglês, porque quer estudar nos Estados Unidos. É assim que a história se desenrola.

 

Para os dois atores, essa experiência está sendo um aprendizado tanto para os atores como para o público, o que pode ser sentido nos debates realizados após a peça. “Atuar nessa peça é incrível, porque abordamos um tema muito interessante e, de certa forma, triste, pelo tamanho desconhecimento do público em relação a esse tema”, diz Paula. A atriz também conta que o público, muitas vezes, apresenta depoimentos, tendo como foco a Aids, ao invés de discutir a tônica da peça, que é a ética em pesquisa com seres humanos.

 

 

moça fala de frente a uma platéia
A diretora da peça Wanda Hamilton iniciando o debate após a peça.
Foto: Vinicius Pequeno

 

 

Ainda sobre os debates, Izak afirma ouvir coisas muito interessantes, o que lhe proporciona uma maior reflexão do universo do público. “Atuamos para uma platéia em formação. Tem pessoas que nunca foram ao teatro”, analisa.

 

Músico e ator

Nascido em São Gonçalo, Izak Dahora há quatro anos mora no Rio. Subiu ao palco pela primeira vez, ainda no período de alfabetização do colégio, interpretando Baltasar em uma peça sobre os Reis Magos. Participou também de um coral e aos oito anos passou a estudar música, tocando flauta e violino. Trabalhou em comerciais e viveu por cinco anos o Saci Pererê, do Sítio do Picapau Amarelo, na TV Globo. Paralelamente, estudou em escolas de teatro em Niterói e no Tablado. Fez vestibular para teatro na UniRio, onde concluiu o curso de interpretação.

 

 

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Paula Alexander e Izak Dahora. Foto: Vinicius Pequeno

 

 

Izak foi selecionado para atuar em “Sangue Ruim”, em janeiro. Segundo ele, para viver Patrice se inspirou em um tio angolano. “Viver esse personagem me fez pensar na minha ancestralidade. Passei a me interessar mais pela cultura negra. È um resgate do africanismo. Uma relação diferente do corpo. Tudo muito colorido, apesar da miséria”.

 

Bailarina e atriz

Paula Alexander foi bailarina clássica até 13 anos de idade. Ingressou em uma escola de balé na Alemanha, mas teve seu sonho frustrado. Ao invés de ficar um ano no país, voltou em seis meses.  Abandonou então a dança e se voltou para o teatro. Estudou no Tablado e na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL). Trabalhou durante quatro anos como garçonete no Café Odeon, onde também encontrou vários artistas trabalhando. “Trabalhar no Café Odeon foi um grande laboratório para mim. Construí uma série de personagens”, diz Paula.

Paula faz questão de afirmar que é atriz de teatro. Diz que por uma questão particular tem uma certa resistência pelo trabalho em TV. Escreveu algumas esquetes, entre elas o musical “Atriz Regina em seu inferno”, uma sátira à cantora Elis Regina em que canta e atua. Há dois anos, desligou-se do Gigantes da Lira, do qual participou durante dez anos. Atuou também em Senhora dos Afogados, peça escrita por Nelson Rodrigues em 1947.

 

 

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Paula Alexander e Izak Dahora
. Foto: Vinicius Pequeno

 

 

Quanto à cientista Clare, Paula afirma ter sido muito difícil construir este personagem. “Sou muito mais emocional do que racional. A Clare é totalmente racional. No começo não gostei dela. Mas depois de algumas apresentações acabei entendendo o seu lado. Por razões humanitárias, ela pesquisa um medicamento para HIV mais acessível economicamente. Para isso, utiliza seres humanos na África. Ela faz o que está ao seu alcance. Se é certo ou não a pesquisa na África e não nos Estados Unidos? Clare está corroborando para um sistema errado, mas ou ela ajuda no mínimo ou ela não faz nada”, finaliza Paula.

 

 

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