A proposta do seminário A sociopolítica das estatísticas: transformações nas práticas de quantificar e agir com números é colocar em discussão o campo dos estudos sociais da quantificação, que vem recebendo crescente atenção por parte de historiadores e cientistas sociais. O evento será realizado no dia 4 de julho de 2025 às 9h30, no CDHS, no Campus de Manguinhos.
A presença constante de infraestruturas, lógicas e práticas de contagem tem provocado uma série de reflexões sobre os processos de produção, disseminação, e politização de números e dados. Ao lado de abordagens convencionais e metodológicas que se interessam pelas estatísticas como meio de prova e fonte de informação, os estudos sociais da quantificação examinam a produção e circulação dos números públicos enquanto arenas políticas e sociais de intervenção: isto é, artefatos que resultam de práticas de classificação, codificação e comparação de diferentes dimensões do mundo social.
Neste sentido, o seminário tem por objetivo reunir uma amostra de trabalhos recentes informados por esta perspectiva analítica, de modo a estimular debates e pesquisas em temas conexos à história da ciência e aos estudos sociais da ciência.
Para tratar das transformações atuais sobre as práticas de quantificar e agir com números, o seminário enfoca dois temas distintos. Oscar D´Alva, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aborda as mudanças que os institutos de pesquisa estão enfrentando diante da integração das plataformas digitais na produção dessas estatísticas, o que pode ameaçar o controle público da informação e a soberania de dados. Por sua vez, Natalia Romero, pesquisadora visitante no Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Cândido Mendes (PPGSP-UCAM) e Alexandre de Paiva Rio Camargo (COC/Fiocruz) discutem o papel dos números em contextos de ampla mobilização social, como os casos de feminicídio e de mortes provocadas pela crise sanitária de Covid-19. Ambos analisam como as formas de apresentação de dados culminaram no enquadramento legal do feminicídio e na construção da experiência da pandemia.
Enquanto a mesa examina os dilemas do tempo presente, a apresentação do livro A voz dos números, de Raul Lanari, da Universidade Federal de Goiás, acessa o registro histórico, por meio de uma conversa com o autor sobre a biografia de Mario Augusto Teixeira de Freitas. A trajetória do fundador do IBGE revela o papel das estatísticas na construção do Estado, durante a Era Vargas.
Confira a programação completa!
Seminário A sociopolítica das estatísticas: transformações nas práticas de quantificar e agir com números
Data: 4 de julho de 2025
Horário: 9h30
Local: Salão de Conferência Luiz Fernando Ferreira, CDHS
Programação:
9h30 – Apresentação institucional
9h40 – Apresentação do seminário
Alexandre de Paiva Rio Camargo (COC-Fiocruz)
10h- Regimes de Quantificação e Sensibilidades Coletivas
A quantificação na era dos dados: elementos teóricos e empíricos de transição para um regime estatístico-algorítmico de dataficação
Palestrante: Oscar Arruda D´Alva (IBGE)
Estatísticas de feminicídio e sensibilidade política na Argentina e no Brasil
Palestrante: Natalia Romero Marchesini (PPGSP-UCAM)
A vida social dos números de COVID-19: entre a gestão da crise, o luto e a memória
Palestrante: Alexandre de Paiva Rio Camargo (COC/Fiocruz)
Debatedor: Vitor Richter (COC-Fiocruz)
12h15 – Intervalo
12h30 – Apresentação e Lançamento do livro (12h30m-13h30m) “A voz dos números: o Projeto de reorganização nacional de M. A. Teixeira de Freitas (1922-1953)”. Uma conversa sobre a trajetória do fundador do IBGE.
Autor: Raul Lanari (UFG)
Debatedor: Alexandre Camargo (COC/Fiocruz)
Brunch: 13h30m