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Tese premiada: Anpuh concede menção honrosa a ex-aluna do doutorado da COC

24 ago/2012

 

Ex-aluna do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da COC, Fernanda Rebelo Pinto recebeu menção honrosa pela tese A Travessia: imigração, saúde e profilaxia internacional (1890-1926), defendida em 2010 na COC, no 15º Encontro Regional de História da Anpuh-Rio, realizado em julho.

 

Além do primeiro lugar, concedido à O corpo da Nova República: funerais de presidentes e memória de Tancredo Neves, de Douglas Attila Marcelino, da UFRJ, a comissão julgadora do Prêmio de Pesquisa Eulália Maria Lahmeyer Lobo, edição 2011-2012, composta pelos professores Maria Teresa Villela Bandeira de Mello, Helen Osório e Francisco Régis Lopes Ramos premiou mais dois trabalhos: a da professora Rebelo Pinto e Cidade alta: história, favela, memórias e estigma num conjunto habitacional do Rio de Janeiro, de Mario Sergio Ignacio Brum.

 

fernandarebelopremioanpuh

O que é a menção honrosa da Anpuh que você acaba de ganhar?

 

 

Fernanda Rebelo: Esta menção honrosa é concedida a teses de doutorado pelo Prêmio de Pesquisa Anpuh-Rio Eulália Maria Lahmeyer Lobo, que tem a intenção de valorizar a produção acadêmica de história no Rio de Janeiro, contribuir para a divulgação da produção historiográfica desenvolvida nas universidades do Rio de Janeiro e incentivar a originalidade e a inovação no campo historiográfico.

 

Fale sobre o prêmio: quem são os candidatos? A tese vai ser publicada? Quais os critérios para a escolha dos primeiros colocados no concurso?

 

FR: Cada programa de pós-graduação do Rio de Janeiro em história e história da ciência deveria inscrever até dois trabalhos de pesquisa em nível de doutorado. Os trabalhos inscritos foram aprovados entre setembro de 2009 e agosto de 2011. O primeiro colocado terá sua tese publicada como livro. A comissão julgadora concedeu dois títulos de menção honrosa para os trabalhos inscritos e o meu trabalho ganhou uma delas.

 

A avaliação considerou a relevância do trabalho para o conhecimento da história; a originalidade na abordagem do tema; a profundidade da análise e pesquisa de fontes e a coerência no desenvolvimento e na organização do texto.

 

Fale sobre o tema de sua pesquisa.

 

FR: O título é A travessia: imigração, saúde e profilaxia internacional (1890-1926) e meu objetivo foi investigar as questões sanitárias provocadas pelas viagens realizadas por imigrantes europeus para a América no final do século 19 e início do 20.

 

A análise consiste na experiência da viagem de imigração, inclui os problemas enfrentados durante o trajeto, as condições de saúde dentro dos navios e o encontro dos imigrantes com o Serviço Sanitário do Porto do Rio de Janeiro. Parti da descrição da chegada ao Brasil de quatro navios em que os passageiros tinham contraído doenças consideradas transmissíveis: a cólera, a peste bubônica e a febre amarela, entre 1890 e 1926.

 

Analisamos as respostas dadas pela Saúde Pública aos problemas enfrentados, os processos de recepção e inspeção de passageiros e navios no Porto do Rio de Janeiro e as práticas de profilaxia aplicadas. As respostas se transformaram no decorrer do tempo e, na segunda década do século 20, são regidas por pressupostos científicos estabelecidos, convenções internacionais e regulamentos nacionais.

 

No momento, você continua a estudar a mesma temática?

 

FR: Resumidamente, na tese estudo a imigração e as questões de saúde envolvidas neste contexto, a recepção e inspeção de navios de imigrantes pelo Serviço Sanitário do Porto do Rio de Janeiro, no final do século 19 e início do 20.

 

Neste momento, desenvolvo pesquisa de pós-doutorado, com bolsa CNPq Pós-doc Jr., na área de história da ciência, no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a supervisão da professora Sandra Caponi.

 

Na pesquisa que faço agora, Controvérsias científicas no Prata: imigração, profilaxia e cooperação sanitária entre Brasil e Argentina (1889-1914), aprofundo uma parte da minha tese defendida na COC em 2010. Fiquei dois meses no Archivo Histórico de Cancillería e no Archivo General de La Nación, em Buenos Aires.

 

Tenho trabalhado com a passagem de imigrantes pelo porto do Rio de Janeiro, Buenos Aires e Montevidéu e os desacordos das autoridades sanitárias desses países com relação às práticas de prevenção da cólera, peste e febre amarela.

 

Quais as suas conclusões?

 

FR: Fiquei muito feliz com essa menção honrosa. Receber um prêmio dado pelos pares é motivo de orgulho. Agradeço ao meu orientador, Marcos Chor Maio, e ao coorientador, Gilberto Hochman, como a todos os professores e professoras da COC, onde tanto aprendi durante os anos de doutorado.