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Técnicas e métodos de gestão de arquivos são a tônica do IV Fórum Arquivos & Arquivos

08 nov/2011

Quem participou do IV Fórum Arquivos & Arquivos no auditório do Museu da Vida nessa 2ª-feira (7/11), pôde esclarecer detalhes bem específicos dessa área de atuação a partir das três apresentações dos integrantes da mesa. Eles responderam às perguntas e esclareceram dúvidas da plateia formada majoritariamente por profissionais que trabalham com a organização de arquivos. Na oportunidade, houve o lançamento do DVD-Rom Manual para gestão de documentos e arquivos de laboratórios das ciências biomédicas, de Paulo Elian dos Santos.

 

“Qual o papel do arquivista no processo de gestão de arquivos pessoais?” foi a pergunta e o ponto de partida de Lucia Maria Velloso Oliveira em sua tese de doutoramento em história social. Foi dela a primeira apresentação, em que falou sobre a “descrição arquivística, que nada mais é do que a primeira representação do arquivo, o resultado de um processo de tratamento dos arquivos conduzido pelo arquivista”.

 

Responsável pelo serviço de arquivo institucional e histórico da Casa Rui Barbosa, Lucia Maria apresentou visões de estudiosos de diferentes países, como a Holanda, Inglaterra, Canadá e EUA, que resultaram em normas internacionais de descrição arquivística. Lucia Maria fez o mestrado no momento em que ela define como o do “boom da arquivologia no contexto da WEB”, quando a meta era a padronização e a normatização. No final do seu curso, ainda restaram muitas questões e, no doutorado, resolveu continuar estudando a descrição aquivística, quando resolveu trabalhar com arquivos pessoais.

A segundo apresentação foi do vice-diretor da Casa de Oswaldo Cruz Paulo Roberto Elian dos Santos, que falou sobre um estudo seu realizado entre 2010-2011, em que amplia o universo pesquisado durante o doutoramento em história social na USP. Inicialmente, ele analisou arquivos de um laboratório biomédico da Fiocruz e, agora, o trabalho abrange nove dos 71 laboratórios em funcionamento no principal centro biomédico da instituição:

 

Mesa principal do fórum, com palestrantes
Paulo Elian dos Santos apresenta resultados de seu estudo sobre gestão
de documentos em laboratórios, ao lado de Marcelo Pelajo Machado,
José Mauro da C. Pinto e Lucia Maria Velloso Oliveira.
Foto: Vinícius Pequeno/COC

 

“Eu queria compor um mosaico, ter o perfil do ambiente da produção documental nos laboratórios da Fiocruz”, diz, ao explicar que fez 22 entrevistas com pesquisadores e técnicos, e que tenta aproximar a arquivologia da sociologia da ciência. O objetivo é descobrir novas possibilidades e ampliar as ações de gestão de documentos utilizados pelos cientistas durante as pesquisas nesses laboratórios.

 

Paulo Elian trabalha com três grandes temas: o uso, a organização e a guarda de documentos; os limites entre os arquivos institucionais e pessoais e os documentos como memória institucional. Ele analisa documentos produzidos a partir da atividade de pesquisa: os cadernos de protocolos, em que são registradas todas as etapas dos experimentos; os artigos, relatórios, as teses, entre outros, que tratam do controle e da qualidade das investigações.

 

“Quando o arquivo é uma coleção: a gestão de coleções científicas” foi o tema da terceira apresentação, do doutor em biologia molecular e celular Marcelo Pelajo Machado, chefe do Laboratório de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz. Ele é o curador do Museu de Patologia, que cuida de coleções biológicas da Fiocruz, como a que reúne mais de meio milhão de lâminas de fragmentos de fígado de vitimas de febre amarela, a maior parte delas do período em que a Fundação Rockefeller participou do combate à doença em parceria com profissionais brasileiros.

 

Marcelo Pelajo fez um breve histórico do museu, mostrando uma linha do tempo, com sua trajetória desde a criação por Oswaldo Cruz, no início do século 20. Ele destacou que durante o último governo militar, o Museu foi sucateado mas, a partir de 1984, os pesquisadores Henrique e Jane Lenzi, bem como Itália Kerr, voltaram a trabalhar com as coleções biológicas.

 

Desde então, passou-se a investir na organização das coleções, com impulso maior nas duas últimas décadas, quando foram elaborados um Manual de Organização de Coleções Biológicas da Fiocruz e o Plano Diretor para salvaguardar o Museu. Entre outros objetivos dessas medidas, destacam-se a busca de recursos visando organizar e manter as coleções, que passaram a ter visibilidade, a partir da criação da página eletrônica do museu.

 

Há três coleções: a microbiológica, a zoológica e a histopatológica. Cada uma delas tem o seu plano, que reflete as áreas de atuação do Museu: o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento estratégico, a divulgação científica e o patrimônio, que visam manter, guardar e divulgar as coleções.