A cooperação do Brasil com os países africanos tem de ser uma construção coletiva. Esse entendimento norteou as apresentações do simpósio História, Ciência, Saúde e Arte na África, realizado no último dia 22, na Tenda da Ciência, do Museu da Vida. Do papel transformador do cinema africano a parcerias do governo brasileiro na área de saúde e agricultura com outros países de língua portuguesa, o evento trouxe para o campus da fundação uma série de temas e discussões relacionados ao desenvolvimento das nações do outro lado do Atlântico.
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“A atuação do Brasil (na África) tem procurado respeitar as realidades nacionais e os desafios específicos dos países em que coopera, e não repetir práticas nacionais em países estrangeiros”, afirmou a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) Célia Almeida. Ex-coordenadora do Escritório Regional de Representação da Fiocruz na África, ela fez um histórico da atuação brasileira em cooperação internacional e abordou projetos implantados pela Fundação ou em andamento no continente.
O foco dessa atuação, segundo a pesquisadora, é o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde. “O objetivo é colaborar com a criação de instituições estruturantes, como cursos de pós-graduação e especialização e institutos nacionais de saúde, com aquilo que permita que os países construam sua autonomia e não fiquem eternamente dependentes de ajuda”, defendeu. Célia citou como exemplo dessa atuação a implantação de uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique, com expertise de Farmanguinhos, projeto iniciado em 2003.
Presente na abertura do evento, o assessor internacional da Fiocruz para a África, Luiz Eduardo Fonseca, lembrou
Para participantes, cooperação internacional deve romper com a |
que em 2014, a Fundação comemorará os 20 anos do início do projeto de cooperação com a África. “É interessante que essa data seja lembrada, porque ela dá início a um movimento mais oficial da Fiocruz em relação à cooperação com a África”, disse.
Diretor do Escritório Regional da Fiocruz na África, José Luiz Telles frisou a importância do entendimento da cultura local para o desenvolvimento das atividades da instituição na área de saúde no continente. “Não somos vetores de conhecimento. Ninguém transfere nada para ninguém. Todos nós somos afetados pelo conhecimento, mas também pela cultura e pela arte. Esse afeto nos permite uma comunicação de duas vias”, afirmou.
O simpósio foi realizado em conjunto pela presidência da Fiocruz, pelo Museu da Vida / Casa de Oswaldo Cruz (COC) e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), com apoio da Faperj. O evento foi coordenado por Luisa Massarani, que está a frente do Museu da Vida, e por Wilson Savino, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz. Paulo Elian, vice-diretor da COC, ressaltou a importância da inserção da História no seminário e lembrou a longa tradição de produção historiográfica do Brasil sobre as relações com a África. “Essa iniciativa certamente vai gerar outros eventos que possam contemplar essa temática”, declarou.