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A paixão que move o cientista é tema de destaque em dia de teatro e debate no Museu da Vida

21 jul/2010

Um dia para celebrar o teatro científico e homenagear a paixão que move os cientistas. O palco do Museu da Vida recebeu, no dia 20 de julho de 2010, a apresentação especial da peça ‘You should ask Wallace”, com a presença do ator Ioan Hefin e da dramaturga e diretora Geinor Styles, ambos da Theatr na n’Óg, sediada no País de Gales, seguida pela adaptação brasileira ‘Pergunte ao Wallace’, com o ator Gustavo Ottoni que interpreta e dirige o espetáculo, além de assinar a adaptação do texto original ao lado de Wanda Hamilton, coordenadora do grupo Ciência em Cena do Museu da Vida.

 

Ioan Hefin durante apresentação do espetáculo

Ioan Hefin durante apresentação de “You should ask Wallace”. (Fotos: Roberto Jesus e Vinícius Pequeno)

 

As diferentes interpretações do mesmo texto encantaram os presentes no evento. Após as apresentações teatrais, o ator e cenógrafo Carlos Palma, diretor do Núcleo Arte Ciência no Palco, compartilhou com o público suas reflexões sobre a articulação entre ciência e arte. “A linguagem dramática, do teatro, cinema ou televisão, é uma das mais eficientes para a divulgação científica, pois coloca a frente do público o personagem com seus conflitos, dúvidas, responsabilidades e embates políticos. O teatro é esse espaço democrático, onde a ciência não pode estar ausente”, disse.

 

 

Gustavo Ottoni durante apresentação de 'Pergunte a Wallace'

Gustavo Ottoni durante apresentação de ‘Pergunte a Wallace’

Outro ponto da fala de Palma, assim como do debate que se seguiu, é a questão do insight, o momento em que os gênios têm uma nova  idéia. Foi colocada a participação de personagens anônimos nas grandes descobertas científicas, assim como a humanização dos próprios cientistas, que têm conflitos, sucessos, fracassos e contam com a colaboração de ajudantes para a realização de um trabalho coletivo, por longos anos, até chegar a uma inovação. Carlos fez algumas leituras e interpretações que ilustravam esses momentos de inspiração, ressaltando ainda que a linguagem poética nos envolve de maneira diferente do didatismo de sala de aula, o que nos transporta para a dimensão da paixão e dos sentimentos dos cientistas. O cenógrafo terminou com a afirmação de que “não adianta a pura ciência sem as sensações, o ser humano presente. A ciência só existe se existir o ser humano”.

No debate ao final do evento, questionou-se qual seria o limite entre os fatos científicos e a linguagem do teatro, até onde a ‘licença poética’ seria aceitável. Gaynor respondeu dizendo que ao pensar o texto em questão, a ser apresentado a jovens de 8 a 11 anos, não pretende que estes compreendam a teoria da evolução, mas sim que “sejam inspirados por esse personagem apaixonado, bravo e aventureiro, que vai em busca de respostas. Ao longo do tempo, as crianças acabam perdendo essa inquietação, de sempre perguntar tudo. É preciso ser realista a respeito do que podemos alcançar em 1 hora de espetáculo com crianças. O que queremos é inspirar, valorizar essa paixão”, diz.

 

 

atores e diretores sentados no debate

Debate ao final do evento. Ioan, Geinor, Luísa Massarani (diretora do Museu da Vida), Carlos, Gustavo e Wanda.

 

 

Foram debatidas ainda outras maneiras de montar espetáculos científicos, que não necessariamente foquem em personagens e suas obras, assim como a necessidade de trazer para o texto teatral algo de interesse do público, que se encaixe na vida das pessoas. A posição política de Wallace e Darwin também foi ponto de debate, a respeito da questão da sobrevivência do mais forte e sua relação com o capitalismo e o socialismo, passando ainda pelo papel do teatro e da arte na melhoria do desempenho escolar de crianças.

 

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