Fiocruz
Webmail FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Patrimônio Cultural: ‘Abordagem preventiva deve ser política de Estado’

27 set/2019

Os desafios da implementação da conservação preventiva em edifícios históricos e a gestão integrada do patrimônio científico e cultural da Fundação Oswaldo Cruz foram alguns dos destaques da apresentação da arquiteta do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Carla Coelho, na Conferência de 30º aniversário da APOYOnline, no Rio de Janeiro.

No painel Conservação Preventiva e Gestão de Risco, Carla Coelho falou sobre a variedade e a riqueza dos acervos científicos e culturais sob responsabilidade da Fiocruz e ressaltou as ações contínuas de conservação e preservação promovidas pela Casa de Oswaldo Cruz. De acordo com a arquiteta, a conservação preventiva deve ser uma prioridade nas instituições públicas brasileiras. “Para que a abordagem preventiva possa se disseminar no país, ela precisa ser incorporada, de fato, como uma política de estado”, afirmou.

Além dos investimentos em restauração, das ações de educação patrimonial e de qualificação profissional e dos variados cursos oferecidos pela Casa de Oswaldo Cruz, Carla Coelho também chamou a atenção para a implementação do Preservo, projeto de preservação e difusão dos acervos culturais e científicos da instituição.

“O processo de implantação da abordagem preventiva para bens culturais é longo e exige engajamento e comprometimento dos profissionais em diferentes níveis da organização. Os recursos e incentivos para sua adoção no contexto brasileiro ainda são insuficientes e reforça a necessidade de trabalharmos de forma criativa e colaborativa”, disse a arquiteta em seu discurso no auditório da Fundação Casa de Rui Barbosa, na última terça-feira (24/9).

O painel

O painel Conservação Preventiva e Gestão de Risco teve como moderador o canadense Rob Waller, presidente da Protect Heritage Corp, que falou sobre sua longa trajetória na área, desde a introdução do conceito de prevenção de risco em 1989 até os dias de hoje. “Uma boa análise deve ser abrangente e considerar toda forma de risco. Isso é importante para identificar problemas e direcionar recursos”, frisou Rob Waller.

Especialista em Preservação de Arquitetura da Fundação Casa de Rui Barbosa, Claudia Carvalho falou sobre as características peculiares da conservação preventiva em casas históricas transformadas em museus. “Existem 348 museus-casas no território nacional e cada um tem a sua identidade”, comentou Claudia Carvalho, enfatizando tantos os desafios técnicos quanto a busca por soluções sustentáveis.

Diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner explicou os esforços de recuperação da instituição, após o incêndio que consumiu a sua sede na Quinta da Boa Vista e grande parte do seu acervo. “Foi uma tragédia que não podia ter acontecido. O Brasil vai aprender algo com isso?”. Diante da tragédia, Alexandre Kellner descreveu a ajuda que o Museu Nacional vem recebendo de instituições brasileiras e estrangeiras para retomar suas atividades.

O painel foi encerrado com a exibição da entrevista em vídeo que o gerente do programa Conservation of Collections do ICCROM (International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property), José Luis Pedersoli, fez com o conselheiro especial do diretor geral do ICCROM, Gael de Guichen. Considerado um dos precursores da conservação preventiva em todo o mundo, Gael de Guichen falou sobre o desenvolvimento da área nos últimos anos e a importância que as coleções guardadas em depósito têm hoje em dia para a conservação preventiva.