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Oceanos e mares são tema de nova edição de HCS-Manguinhos

20 out/2014

“Oceanos e mares: histórias, ciências e políticas” é o tema do novo número da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, que está integralmente disponível na Scielo. Esta edição traz onze artigos que abordam desde os relatos escritos pelo comandante Robert FitzRoy, do HMS Beagle, durante sua passagem pelo Brasil ao mito do Kraken, um “monstro” que assombrava navegadores entre a Noruega, a Islândia e a Groenlândia, mais tarde identificado por cientistas como um tipo de lula-gigante pertencente ao gênero Architeuthis.

Leia mais:
SciELO – HCS-Manguinhos. Vol. 21, nº 3
Blog da revista HCS-Manguinhos
Dossiê ‘Medicina no contexto luso-afro-brasileiro’

Um artigo sobre a trajetória do cientista alemão Hermann von Ihering, que chegou ao Brasil em 1880 aos 30 anos, abre a nova edição de HCS-Manguinhos. O estudo aborda aspectos da elaboração de suas teorias sobre pontes continentais, que uniriam partes da América do Sul à África. Os autores destacam as redes de sociabilidade construídas por von Ihering e sua inserção nos círculos de debates científicos internacionais. Diretor do Museu Paulista entre 1894 e 1916, o cientista publicou um livro sobre a história do Oceano Atlântico em 1927.

Outro artigo, que analisa os escritos de Robert FitzRoy, traz impressões do comandante do HMS Beagle sobre cidades brasileiras pelas quais passou entre 1828 e 1839, como Rio de Janeiro e Salvador. Os relatos do comandante, bem menos conhecidos que os do naturalista Charles Darwin, que viajou a bordo da mesma embarcação, mostram entusiasmo com as paisagens tropicais e, ao mesmo tempo, trazem críticas a seus habitantes, descritos como ineficientes e culturalmente atrasados.

Escrito por pesquisadores brasileiros atuando na Alemanha e na Holanda, o texto “The Kraken: when myth encounters science” fala sobre a figura do Kraken, descrito como um monstro marinho já em um manuscrito de 1180. As criaturas de até 18 metros que amedrontavam navegadores do norte da Europa foram, mais tarde, identificadas como lulas-gigantes. O artigo investiga que papel o Architeuthis, uma das últimas lendas a persistir na atualidade, ocupa na mitologia e na ciência.

O artigo “O astrolábio, o mar e o Império” analisa textos escritos por cosmógrafos portugueses entre os séculos 16 e 18 para tentar evidenciar as bases técnicas e científicas que permitiram a expansão marítima europeia. Outro texto discorre sobre a constituição de aquários e oceanários ao longo do tempo, com foco no caráter educativo e de divulgação que esses locais assumiram nos últimos anos.

Esta edição traz mais dois artigos sobre os estudos marinhos no contexto português. O primeiro trata de instituições e estratégias da pesquisa sobre o mar no país europeu no século 20. O outro aborda a prática oceanográfica e a coleção iconográfica do rei dom Carlos I. Neste volume, há textos discutindo outros temas, como o estudo da fauna marinha na Argentina entre 1890 e 1930; os estudos do geólogo norte-americano John Casper Branner no litoral do nordeste brasileiro, caracterizados por uma perspectiva evolutiva darwinista; o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo; além de um estudo sobre o estado atual do conhecimento da biodiversidade marinha brasileira e as perspectivas para a área no país.

A seção “Imagens” aborda o papel da fotografia subaquática nos estudos sobre a vida marinha. O texto aborda experiências norte-americanas e europeias, particularmente as empreendidas pelos biólogos Louis Boutan e Jacob Reighard em seus estudos realizados entre 1890 e 1910. Já a seção “Fontes” discute os resultados e outros aspectos ligados à pratica de campo da bióloga Joséphine Schouteden-Wéry no litoral belga. Ela participou de viagens de estudos no Congo, colônia belga na África, e teve papel de destaque na Union des Femmes Coloniales.