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Museu da Vida Fiocruz participa da exposição Pasteur, o Cientista

22 set/2023

Chega finalmente ao Rio a exposição sobre um dos maiores cientistas da era moderna, Louis Pasteur (1822-1895). Pasteur, O Cientista, teve três temporadas bem-sucedidas no estado de São Paulo, a partir de 2020, levando dezenas de milhares de visitantes a espaços de informação, experiências, interação lúdica, projeções, videomapping e, principalmente, valorização da ciência e dos cientistas.
Concebida e realizada originalmente pela Universcience (órgão ligado ao Ministério da Cultura da França), a mostra é uma celebração à vida e à obra do francês Louis Pasteur, cientista revolucionário em muitos campos e símbolo da vacinação, por ter descoberto a vacina antirrábica. E, principalmente, um defensor da ciência.

A exposição estará no Rio de Janeiro de 30 de setembro a 3 de dezembro, de terça a sexta-feira das 9h às 17h, e aos sábados e domingos das 10h às 18h, na Fábrica de Espetáculos (galpão do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no bairro do Santo Cristo, na Gamboa). É uma realização de Ministério da Cultura, Museu da Vida Fiocruz, Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e Ponto de Produção, com o apoio da Embaixada da França no Brasil e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro. O patrocínio é do Magazine Luiza e da Sanofi.

Gênio e difusor da ciência
Indiscutível gênio da ciência, pesquisador obstinado e mestre na difusão de informações: Louis Pasteur, nascido no interior da França em 1822, de uma família de curtidores de couro, fez avançar a química e a medicina no século XIX. É um dos criadores da microbiologia e redefiniu horizontes ao provar que existem micro-organismos e ao definir como se reproduzem, proliferam e colonizam outros organismos, sendo em muitos casos responsáveis pelas doenças infecciosas.

Estudou germes, vírus, fungos e demais “seres infinitamente pequenos”. Lidou com vinho, leite, animais de pasto e seda. Estabeleceu novos paradigmas para as ciências e novos procedimentos, inclusive para a Medicina – foi a partir dessas descobertas, por exemplo, que médicos passaram a valorizar a assepsia nos cuidados com doentes. Antes disso, era comum que os profissionais de saúde sequer lavassem as mãos nos atendimentos.

Pesquisador tremendamente respeitado entre seus pares – era de um extremo rigor nos métodos – ganhou fama mundial também junto ao grande público na difusão dos resultados da antirrábica, em 1885. No Brasil, tinha muitos seguidores e admiradores, entre os quais o imperador Pedro II. Oswaldo Cruz foi um dos cientistas que trabalharam na esteira de suas realizações.

Na exposição, vídeos, grafismos, animações, projeções, textos e desenhos apresentam toda a sua trajetória – e não apenas a dele. Pasteur, o Cientista faz uma permanente contextualização do tempo de Louis Pasteur, principalmente em relação aos acontecimentos da Europa e às descobertas do chamado século das invenções – em que surgiram o trem, a fotografia e o cinema, os motores a explosão, dirigíveis, telégrafo, telefone, iluminação pública e tantos outros símbolos da modernidade.

Mais que tudo, Pasteur, o Cientista traz à discussão a valorização da ciência e do ato histórico como elemento constituinte não somente da memória e da identidade, mas como a mais sólida base para o crescimento e o desenvolvimento da humanidade.

Ciência aplicada à vida prática
Pasteur não foi o primeiro nem a o único a criar uma vacina, mas sua pesquisa e a aplicação da antirrábica o transformou em símbolo da imunização. Era um cientista com visão aplicada: trabalhou na pesquisa ligada à indústria e a atividades econômicas importantes, aperfeiçoando métodos de cultivo e processamento de indústrias importantes como as do vinho, da seda e de animais de corte. Resolveu problemas logísticos – seu nome batiza o processo de conservação de alimentos batizado como pasteurização – e salvou atividades econômicas prejudicadas por pragas.

Foi também um brilhante comunicador – hoje, seria considerado um ser midiático. Sabia chamar a atenção da comunidade científica e da população para assegurar que suas descobertas chegassem ao maior número possível de pessoas, com demonstrações públicas e grandiloquentes de suas descobertas. “Para provar ao público reunido na Sorbonne que as bactérias estavam por toda parte, mesmo no ar, ele direcionou um projetor de luz para iluminar os grãos de poeira”, conta Astrid Aron, museógrafa da exposição.

Era também um empreendedor, registrando patentes e criando empresas para explorar suas descobertas. “Seu principal objetivo não era reunir uma fortuna, mas assegurar fundos para prosseguir com as pesquisas” explica o curador científico Maxime Schwartz, ex-diretor geral do Instituto Pasteur. “Podemos até dizer que Pasteur era uma espécie de precursor das start-ups de hoje”, diz Aron.

A fama conquistada pela vitória contra a raiva, com a vacina pioneira em 1885 permitiu que levantasse fundos internacionais para fundar, três anos depois, o Instituto Pasteur, com braços pelo mundo, para disseminar a imunização. 
“O trabalho de Pasteur”, conclui Maxime Scwhartz, “pode estimular que as crianças entendam e amem a ciência. Acho que é uma meta que devemos manter em nossas cabeças e corações”.

Animação e interação
Estruturada em seis atos, como uma peça de teatro, a exposição apresenta as descobertas de Pasteur em ordem cronológica: da solução de um enigma químico – cristais de ácido do vinho aparentemente iguais reagiam à luz de forma diferente – até a vitória contra a raiva, doença até então incurável.

Um busto de Pasteur recebe os visitantes e, sobre ele, é projetado um videomapping (imagens em 3D), enquanto a voz de Marie Pasteur narra a trajetória do marido. Uma curiosidade: o considerável talento artístico do pesquisador quando jovem é mostrado na reprodução de telas pintadas entre os 13 e os 20 anos.

Seguem-se ambientes em que filmes, aparelhos, mecanismos, jogos de charadas, vitrines mágicas e instrumentos de época desfilam as descobertas de Louis Pasteur na Química, no trabalho com os micro-organismos e na imunização de animais e seres humanos.

O visitante pode entender, por exemplo,  a pesquisa da vacina antirrábica num filme de animação em que uma menina, espiando da casa vizinha à do laboratório, acompanha os testes de Pasteur em coelhos; entende, através de um “microscópio”, como micro-organismos podem sobreviver sem oxigênio; espia pelo gargalo de garrafas de vinho para descobrir os segredos da fermentação da bebida; decifra junto com Pasteur o segredo dos “pastos malditos”, locais onde rebanhos inteiros morriam de antraz, entre outras atividades.

No final, um módulo especialmente produzido faz a ligação de Pasteur com o Brasil: pesquisas desenvolvidas por aqui, a admiração de D. Pedro II pelo cientista, o desenvolvimento nacional da produção de vacinas pelos Institutos Butantã e Oswaldo Cruz e seus desdobramentos na ciência contemporânea. 

A mostra, ato a ato

PRÓLOGO: Busto de Pasteur recebe os visitantes com projeções de videomapping. Um grande ciclorama pontua a história cultural do século 19.
ATO 1 – CRISTAIS E DISSIMETRIA (1847-1857): O início de tudo: aos 21 anos, Pasteur decide – e consegue – resolver um mistério da ciência. Aqui, filme, experiência ótica e jogo de classificação ajudam a entender o processo.
ATO 2 – FERMENTAÇÕES (1857-1876): Pasteur e os micro-organismos da fermentação: como o cientista inventou a pasteurização e resolveu impasses de indústrias como a da cerveja e do vinho. Aqui também começa a relacionar contaminação por micro-organismos e doenças. Microscópios e jogos proporcionam a interação nesse ato.
ATO 3 – GERAÇÕES ESPONTÂNEAS? (1859-1864): A polêmica do surgimento dos micro-organismos: de onde vêm? Pasteur enfrenta outros cientistas e prova sua teoria.  O visitante descobre como foi, passo a passo, na multimídia instalada em vitrine mágica.
ATO 4 – DOENÇAS DOS BICHOS-DA-SEDA (1865-1869): Pasteur salva a indústria da seda, eliminando doenças dos insetos produtores, na sua primeira pesquisa em patologias animais. Maquetes, equipamentos de época e dioramas ilustram o método e as descobertas.
ATO 5 – DOENÇAS INFECCIOSAS E VACINAS (1876-1895): A pesquisa de Pasteur das vacinas para doenças dos animais se amplia.  Galinhas e carneiros recebem vacinas em experiências bem-sucedidas. O cientista ganha fama mundial com a invenção da vacina contra a raiva.  Um cenário de fazenda, jogos sobre as vacinas, filmes e maquetes contam essa história.
EPÍLOGO – PASTEUR E O BRASIL: Enquanto Louis Pasteur fazia a ciência avançar na Europa, os reflexos se suas pesquisas chegavam ao Brasil. D. Pedro II era um grande admirador do cientista, trocou correspondência com ele, tentou trazê-lo para o Brasil e fez uma grande contribuição para a criação do Instituto Pasteur. Foram fundados institutos de pesquisa e diversos cientistas e médicos brasileiros se destacaram na área, em especial Vital Brazil e Oswaldo Cruz. 

Por onde a mostra passou

Pasteur, o Cientista estreou no Palais de la Découverte, em Paris, em dezembro de 2017, sendo o Brasil o primeiro país estrangeiro a receber a mostra. A exposição foi apresentada no Sesc Interlagos, na capital paulista, tendo sido inaugurada em fevereiro de 2020 – a visitação precisou ser interrompida durante a pandemia, mas foi retomada no final do ano e seguiu até o início de 2021. Entre junho de 2021 e outubro do ano seguinte, a atração também passou pelas unidades do Sesc em Campinas e Santo André. 

FICHA TÉCNICA

PASTEUR – O CIENTISTA 

Curadoria Éric Lapie, Astrid Aron | Curadoria científica Maxime Schwartz | Comitê científico e cultural Annick Perrot, Delphine Berdah, Patrice Debré, Gabriel Galvez-Behar, Marie-Noëlle Himbert, Catherine Kounelis, Anne- Marie Moulin, Armelle Phalipon, Clotilde Policar, Éric Postaire, Daniel Raichvarg, Anne Rasmussen, François Rodhain, Philippe Sansonetti, Patrick Zylberman | Cenografia e expografia Franck Fortecoëf | Design gráfico Gérard Plénacoste e Tomoë Sugiura | Responsável pelo projeto Boutaieb Kaddani | Coordenador técnico Atef Sbai 

Curadoria Epílogo – Pasteur e o Brasil Juliana Manzoni Cavalcanti, Vanessa Pereira Mello | Consultoria Diego Vaz Bevilaqua, Jaime Larry Benchimol, Magali Romero Sá | Edição de textos Mariana Bastos | Expografia e design gráfico Cássia Buitoni | Ilustração cenográfica Geninho Galvão  | Animações Coletivo Entrelinhas, Valete de Copas Filmes | Vídeo sobre fabricação de vacinas Instituto Butantan 

Produção Ponto de Produção Ltda. | Coordenação geral de produção Patricia Galvão | Produção executiva Sueli Nabeshima, Maurício Belfante  | Adaptação expográfica Francisco Guedes | Design gráfico Cássia Buitoni, Silvia Amstalden | Montagem expográfica Metro Cenografia | Iluminação Wagner Freire – Armazém da Luz | Montagem multimídia Images Projetores | Montagem eletricidade Augusto Vicente  Costa | Pintura artística (adaptação pórticos) Geninho, Ieda Romera | Tradução Letras e Temas  | Assessoria de imprensa Andrea Gonçalves e Paula Catunda | Redes sociais: Rafael Teixeira | Gravação de vozes Alma 11 11 Áudio Music | Direção de estúdio Marcio Macena | Vozes brasileiras Bruno Autran, Carol Badra, Flávio Faustinoni, Rafael Maia, Renata Flores, Romis, Ferreira, Thay Bergamin e Veridiana Toledo | Transporte internacional Fink Mobility | Seguro Mapfre – Corretora Affinité | Assessoria jurídica Henrique Galvão, Patrícia Galvão 

PASTEUR, O CIENTISTA

De 30 de setembro a 3 de dezembro de 2023
Abertura: 30 de setembro, às 10h. 
Local: Fábrica de Espetáculos – Avenida Rodrigues Alves, 323, Santo Cristo (Gamboa)
VLT – Linha 1 – parada Utopia AquaRio

Visitação:
de terça a sexta, das 9h às 17h | sábado e domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Recomendação etária: Livre

Agendamento de grupos: agendamento.pasteur@gmail.com
Instagram da mostra: @expopasteur