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Memória tem papel fundamental no fortalecimento da Fiocruz junto à sociedade, avaliam pesquisadores

14 dez/2018

“O sentido conferido ao passado é estratégico para o futuro.” A frase, proferida pela historiadora Luciana Heymann durante o Fórum Fiocruz de Memória, deu o tom das discussões da mesa que revisitou o processo de criação da Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade concebida para ser um centro de memória da Fiocruz e da saúde pública no Brasil. Ao lado de Paulo Gadelha e Arlindo Fábio Gomez de Souza, dois dos idealizadores da COC, Luciana analisou a importância de ações de memória em instituições de ciência e saúde como a Fiocruz.

Ao ressaltar o caráter político das ações de memória, Arlindo avaliou que é preciso tornar a história da Fiocruz conhecida entre a população como forma de fortalecê-la como instituição estratégica para a sociedade brasileira e garantir a sua sustentação. Na avaliação dele, é fundamental informar o público de forma efetiva sobre a produção da Fiocruz em seus diversos campos de atuação.

“Em um momento como o atual, é básico refrescar a memória da sociedade sobre esta instituição. Ela [Fiocruz] tem que ganhar cada vez mais o reconhecimento da sociedade, não só pelo que produz no campo da biologia, como as vacinas, mas por aquilo que representa no cenário nacional e internacional”, afirmou Arlindo, lembrando a atuação da fundação no campo da informação em saúde, ciência e tecnologia.

Ao destacar o papel da COC na construção do conhecimento sobre a história da Fiocruz, Arlindo destacou o desafio de se encontrar novos meios de conectar o público com a trajetória da instituição. “A Casa de Oswaldo Cruz faz a recuperação da história através dos depoimentos, da história oral, mas isso não pode ficar guardado”, acrescentou, ao defender o uso de novas plataformas e formatos para a divulgação dos acervos da fundação, incluindo vídeos e Internet, por exemplo. “E por que não cordel?”, provocou.

Luciana Heymann fez avaliação semelhante. “Memória é trabalho e dedicação. É preciso estabelecer comunicação com os interlocutores”, declarou a historiadora, que atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde, da COC/Fiocruz.

Castelo da Ciência

Em sua apresentação, Paulo Gadelha avaliou que o Castelo símbolo da instituição ilustra o processo de aproximação da instituição com a sociedade ao longo do tempo. Visto na primeira metade do século 20 por quem transitava de barco pela Baía de Guanabara como uma espécie de “mosteiro” onde grandes feitos científicos tinham lugar, o edifício batizado originalmente de Pavilhão Mourisco hoje tem suas portas abertas para o público, analisou Gadelha.

“É interessante como isso vai ganhando novo significado ao longo do tempo. [O castelo] nunca deixa de ser um monumento, mas se abre para o contato e para o diálogo com a população”, declarou Gadelha, que foi o primeiro diretor da Casa de Oswaldo Cruz e presidiu a Fiocruz entre 2009 e 2016.

Ao discutir o processo de criação da COC, Gadelha lembrou que, durante a gestão de Sérgio Arouca como presidente da Fiocruz na década de 1980, havia um movimento interno de valorização do campo da história e da memória na instituição. “A COC surgiu num momento extremamente politizado”, disse, ressaltando que, desde sua fundação, a Casa ocupa papel central na discussão dos rumos da Fiocruz.