Fiocruz
Webmail FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

‘História, Ciências, Saúde – Manguinhos’ traz diálogos entre saúde e educação

08 jun/2015

Capa de História, Ciências, Saúde Manguinhos
A seção Fontes desta edição apresenta a tradução para o português de texto do historiador francês Fernand Braudel, criador conceito de geo-história.


História, Ciências, Saúde – Manguinhos traz em seu novo número uma série de artigos que exploram, a partir de diferentes perspectivas, as conexões entre os campos da saúde e da educação. Entre as questões ligadas a estas duas áreas discutidas na publicação, estão as diretrizes para a educação em saúde nas escolas brasileiras e a educação higiênica no combate à varíola no México. Esta edição inclui ainda textos que abordam temáticas diversas, que vão da descentralização dos serviços de saúde na Argentina aos mecanismos de construção de narrativas sobre a sexualidade.

Leia mais:
ScieELO – HCS-Manguinhos, vol.22, nº 2
Blog da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos
Edição anterior: HCS-Manguinhos discute saúde no contexto global

As doenças que debilitavam e ceifavam a vida de soldados e marinheiros da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais durante sua incursão no nordeste brasileiro no século 17 são o tema do artigo que abre este número de HCS-Manguinhos. Em seu estudo, os autores indicam que, em alguns momentos, o arriscado serviço de guerra foi menos nocivo aos militares do que as moléstias que os acometeram ao longo da ocupação. As tropas, que sofriam com a alimentação precária e outros reveses, eram frequentemente descritas como “doentes e incapazes para marchar”.

Outro artigo examina as transformações pelas quais passaram os programas mexicanos de vacinação a partir de 1943, quando se estabeleceu a Campanha Nacional contra a Varíola. Além de analisar os argumentos que atribuíam à vacinação contra a varíola um papel central para a consolidação de uma cultura de prevenção no país, a autora busca compreender por que se favoreceu, nesse processo, a vacinação seletiva, a persuasão e a extensão dos programas de educação higiênica.

HCS-Manguinhos apresenta também neste número um estudo sobre a relação entre a expansão das atividades da Santa Casa de Misericórdia do Pará, uma das primeiras instituições hospitalares da então Província do Grão-Pará, e as políticas higienistas que vigoraram em Belém no fim do século 19.  Já o artigo Variações sobre a “cultura científica” em quatro autores brasileiros, analisa as transformações e permanências em torno desse conceito a partir das obras de Miguel Ozorio de Almeida, Anízio Teixeira, Maurício Rocha e Silva e Carlos Vogt, personalidades influentes nas políticas científicas e educacionais no País.

Esta edição inclui ainda uma discussão em torno da reconstrução do significado da lepra em Minas Gerais na década de 1950 e um artigo que problematiza as ideias expostas pelo cubano Fernando Ortiz y Fernandes na obra Hampa afro-cubana: los negros brujos, além de estudos sobre a atuação da Inspeção Médica Escolar em São Paulo, órgão criado em 1911; o surgimento dos Centros de Higiene Infantil na Cidade do México na primeira metade do século 20; e as epidemias de febre amarela em Campinas no fim do século 19.

A seção fontes apresenta o surgimento do conceito de geo-história, elaborado pelo historiador francês Fernand Braudel no texto Géohistoire: la société, l’espace e le temps, publicado pela primeira vez em português nesta edição de HCS-Manguinhos. O conceito encerra a crítica do autor às fronteiras disciplinares e expressa a relevância da geografia na construção de seu método histórico de longa duração.

Em carta publicada nesta edição, Jaime Benchimol se despede da função de editor científico da revista, da qual foi um dos criadores e na qual permaneceu por 21 anos. “Profundas mudanças ocorreram e estão ainda em curso nos domínios do periodismo e da comunicação científica. História, Ciências, Saúde – Manguinhos soube adaptar-se, mais do que isso, soube inovar no uso de novas tecnologias, formas e linguagens da comunicação. É uma revista respeitada na história e em outras áreas acadêmicas, o que me enche de orgulho”, escreveu.

Os novos editores científicos, Marcos Cueto e André Felipe Cândido da Silva, comentam em sua carta os desafios que terão pela frente e dão detalhes sobre a política editorial da publicação, que dará continuidade às linhas gerais implantadas por Benchimol, buscando agora atender a novas demandas por internacionalização, além de refletir de forma mais fiel a diversidade regional, temática, disciplinar e institucional do cenário acadêmico.