Reconhecido em 2007 como patrimônio documental da humanidade pelo Comitê Nacional do Programa Memória do Mundo da UNESCO, o fundo Oswaldo Cruz está agora disponível na base Arch – Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz. Ao consultar a base, o usuário poderá ter acesso à descrição arquivística do fundo, que traz informações a respeito das dimensões, suporte, área de conteúdo e estrutura dos documentos, além de orientações sobre suas condições de acesso e uso.
Os documentos que compõem o fundo – com 2,8 metros de documentos textuais, como cartas, ofícios, discursos, relatórios, artigos científicos e recortes de jornal, entre outros – estão sendo submetidos a processos de microfilmagem e digitalização. O objetivo é dar acesso ao conteúdo integral deste conjunto documental, ainda este ano, por meio de sua disponibilização na base Arch.
"O fundo Oswaldo Cruz é um dos mais importantes do acervo custodiado pela Casa de Oswaldo Cruz, tanto por configurar a memória do patrono da instituição quanto por ser representativo de uma época de grandes inovações nas ciências biomédicas e na saúde pública no Brasil", destaca a chefe do departamento de arquivo e documentação da Casa de Oswaldo Cruz, Verônica Brito.
Situado entre 1889 e 1972, este conjunto passou à custódia da Casa de Oswaldo Cruz em 1990. Originou-se a partir de documentos que permaneceram no IOC após a morte de seu patrono e foram organizados pelo arquivista Albino Antonio Taveira durante a década de 1940. No início da década de 1970, como parte das comemorações pelo centenário de nascimento de Oswaldo Cruz, o museólogo Luiz Fernando Fernandes Ribeiro elaborou um primeiro inventário desses documentos, que foram abertos à consulta. Em 2003 a Casa de Oswaldo Cruz publicou o Inventário analítico do Arquivo Oswaldo Cruz, com a descrição completa do fundo, além de uma cronologia e um caderno com 35 imagens sobre as trajetórias pessoal e profissional do cientista.
Na imagem, retrato de Oswaldo Cruz em 1906, com dedicatória para o engenheiro construtor Luiz de Moraes. (Fundo Luiz de Moraes | Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz)
Mais sobre Oswaldo Cruz
Nasceu em 5 de agosto de 1872, em São Luís do Paraitinga (SP), filho de Bento Gonçalves Cruz e Amália Bulhões Cruz. Formou-se em 1892, apresentando a tese de doutoramento 'A veiculação microbiana pelas águas'. Em 1893 instalou em sua residência um pequeno laboratório de microbiologia. Nesse período, assumiu tanto a clínica que pertencera a seu pai como o ambulatório em que cuidava dos funcionários da Fábrica de Tecidos Corcovado. Em 1894, a convite de Egydio Salles Guerra, trabalhou na Policlínica Geral do Rio de Janeiro como responsável pela montagem e chefia do laboratório de análises clínicas que apoiava o Serviço de Moléstias Internas.
No mesmo ano, auxiliou o Instituto Sanitário Federal, chefiado por Francisco Fajardo, a diagnosticar o cólera como a epidemia reinante no vale do Paraíba. Em 1897 foi para Paris, onde estudou microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur e medicina legal no Instituto de Toxicologia. Retornou em 1899, reassumiu seu cargo na Policlínica e foi convidado para fazer parte da comissão chefiada por Eduardo Chapot-Prévost a fim de verificar a mortandade de ratos responsável pelo surto de peste bubônica em Santos.
De volta ao Rio de Janeiro, foi convidado a ocupar a direção técnica do Instituto Soroterápico Federal que estava sendo construído na Fazenda Manguinhos, comandado pelo barão de Pedro Affonso, proprietário do Instituto Vacínico Municipal, e cujo funcionamento se iniciou em 1900. Em 1902, após divergências internas que provocaram a exoneração do barão, passou a dirigir sozinho a instituição. No ano seguinte, assumiu o comando da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) com o desafio de empreender uma campanha sanitária para combater as principais doenças que grassavam na capital federal: febre amarela, peste bubônica e varíola. Os métodos utilizados em relação às epidemias, por muitos considerados autoritários, abarcaram desde o isolamento dos doentes, a notificação compulsória dos casos positivos, a captura dos vetores – mosquitos e ratos –, até a desinfecção das moradias situadas em zonas de focos.
Em 1904, após a aprovação da lei da vacinação antivariólica obrigatória, ocorreu uma revolta popular, seguida da tentativa de golpe por parte dos militares – episódio da Revolta da Vacina. Durou uma semana e foi sufocada com saldo de mortos, feridos e presos, o que levou à revogação da obrigatoriedade. Entre 1905 e 1906 realizou, pela DGSP, uma expedição a trinta portos marítimos e fluviais de Norte a Sul do país, com o objetivo de estabelecer um código sanitário de acordo com os preceitos internacionais. Em 1907 recebeu a medalha de ouro em nome da seção brasileira presente no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim. Terminado o evento, foi a Paris, com o objetivo de estreitar laços científicos com o Instituto Pasteur, e em seguida a Nova York, onde conheceu o Instituto de Pesquisas Médicas fundado por John D. Rockefeller.
Nesse período, cumprindo missão delegada pelo governo brasileiro, reuniu-se com o presidente Theodore Roosevelt para lhe garantir que a esquadra norte-americana poderia desembarcar na capital federal sem temer a febre amarela. Encontrava-se ainda no exterior quando, em dezembro de 1907 o presidente Afonso Pena, através do decreto n. 1.812, transformou o Instituto Soroterápico em Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. Em sua volta ao país, no início de 1908, foi recepcionado como herói nacional, e não mais criticado por sua conduta à frente das campanhas sanitárias.
A falta de empenho das autoridades em regulamentar a vacinação antivariólica e em tornar permanentes os serviços da DGSP, trouxeram-lhe grande desgaste. Em 1909, por força da lei que proibia a acumulação de cargos, solicitou sua exoneração e optou pela direção do instituto que passou a levar seu nome. Em Manguinhos realizou o levantamento das condições sanitárias do interior do país por meio de expedições científicas promovidas pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), tais como, em 1910, os combates à malária durante a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, para onde viajou em companhia de Belisário Penna, e à febre amarela, a convite do governo do Pará.
Em 1913 ingressou na Academia Brasileira de Letras na vaga do poeta Raymundo Corrêa, e um ano depois foi agraciado com o título de oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra da França. Após deixar o comando do IOC no início de 1916, em consequência do agravamento de sua doença renal, foi residir em Petrópolis, onde ocupou o cargo de prefeito por nomeação de Nilo Peçanha, presidente do estado do Rio de Janeiro. Morreu em 11 de fevereiro de 1917, em Petrópolis.
Fundo Oswaldo Cruz está disponível na base Arch
Reconhecido em 2007 como patrimônio documental da humanidade pelo Comitê Nacional do Programa Memória do Mundo da UNESCO, o fundo Oswaldo Cruz tem agora sua descrição disponível na base Arch.
Os documentos que compõem o fundo – com 2,8 metros de documentos textuais, como cartas, ofícios, discursos, relatórios, artigos científicos e recortes de jornal, entre outros – estão sendo submetidos a processos de microfilmagem e digitalização. O objetivo é dar acesso ao conteúdo integral deste conjunto documental por meio de sua disponibilização na base Arch.
Situados entre 1889 e 1972, este acervo passou à custódia da Casa de Oswaldo Cruz em 1990. Originou-se a partir de documentos que permaneceram no IOC após a morte de seu patrono e foram organizados pelo arquivista Albino Antonio Taveira durante a
década de 1940. No início da década de 1970, como parte das comemorações pelo centenário de nascimento de Oswaldo Cruz, o museólogo Luiz Fernando Fernandes Ribeiro elaborou um primeiro inventário desses documentos, que foram abertos à consulta. Em 2003 a Casa de Oswaldo Cruz publicou o Inventário analítico do Arquivo Oswaldo Cruz, com a descrição completa do fundo, além de uma cronologia e um caderno com 35 imagens sobre as trajetórias pessoal e profissional do cientista.
Mais sobre Oswaldo Cruz
Nasceu em 5 de agosto de 1872, em São Luís do Paraitinga (SP), filho de
Bento Gonçalves Cruz e Amália Bulhões Cruz. Formou-se em 1892,
apresentando a tese de doutoramento A veiculação microbiana pelas águas.
Em 1893 instalou em sua residência um pequeno laboratório de microbiologia.
Nesse período, assumiu tanto a clínica que pertencera a seu pai como o
ambulatório em que cuidava dos funcionários da Fábrica de Tecidos
Corcovado. Em 1894, a convite de Egydio Salles Guerra, trabalhou na
Policlínica Geral do Rio de Janeiro como responsável pela montagem e chefia
do laboratório de análises clínicas que apoiava o Serviço de Moléstias Internas.
No mesmo ano, auxiliou o Instituto Sanitário Federal, chefiado por Francisco
Fajardo, a diagnosticar o cólera como a epidemia reinante no vale do Paraíba.
Em 1897 foi para Paris, onde estudou microbiologia, soroterapia e imunologia
no Instituto Pasteur e medicina legal no Instituto de Toxicologia. Retornou em
1899, reassumiu seu cargo na Policlínica e foi convidado para fazer parte da
comissão chefiada por Eduardo Chapot-Prévost a fim de verificar a
mortandade de ratos responsável pelo surto de peste bubônica em Santos. De
volta ao Rio de Janeiro, foi convidado a ocupar a direção técnica do Instituto
Soroterápico Federal que estava sendo construído na Fazenda Manguinhos,
comandado pelo barão de Pedro Affonso, proprietário do Instituto Vacínico
Municipal, e cujo funcionamento se iniciou em 1900. Em 1902, após
divergências internas que provocaram a exoneração do barão, passou a dirigir
sozinho a instituição. No ano seguinte, assumiu o comando da Diretoria Geral
de Saúde Pública (DGSP) com o desafio de empreender uma campanha
sanitária para combater as principais doenças que grassavam na capital
federal: febre amarela, peste bubônica e varíola. Osmétodos utilizados em
relação às epidemias, por muitos considerados autoritários, abarcaram desde
o isolamento dos doentes, a notificação compulsória dos casos positivos, a
captura dos vetores – mosquitos e ratos –, até a desinfecção das moradias
situadas em zonas de focos. Em 1904, após a aprovação da lei da vacinação
antivariólica obrigatória, ocorreu uma revolta popular, seguida da tentativa de
golpe por parte dos militares – episódio da Revolta da Vacina. Durou uma
semana e foi sufocada com saldo de mortos, feridos e presos, o que levou à
revogação da obrigatoriedade. Entre 1905 e 1906 realizou, pela DGSP, uma
expedição a trinta portos marítimos e fluviais de Norte a Sul do país, com o
objetivo de estabelecer um código sanitário de acordo com os preceitos
internacionais. Em 1907 recebeu a medalha de ouro em nome da seção
brasileira presente no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de
Berlim. Terminado o evento, foi a Paris, com o objetivo de estreitar laços
científicos com o Instituto Pasteur, e em seguida a Nova York, onde conheceu
o Instituto de Pesquisas Médicas fundado por John D. Rockefeller. Nesse
período, cumprindo missão delegada pelo governo brasileiro, reuniu-se com o
presidente Theodore Roosevelt para lhe garantir que a esquadra norte-
americana poderia desembarcar na capital federal sem temer a febre amarela.
Encontrava-se ainda no exterior quando, em dezembro de 1907 o presidente
Afonso Pena, através do decreto n. 1.812, transformou o Instituto
Soroterápico em Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. Em sua
volta ao país, no início de 1908, foi recepcionado como herói nacional, e não
mais criticado por sua conduta à frente das campanhas sanitárias. A falta de
empenho das autoridades em regulamentar a vacinação antivariólica e em
tornar permanentes os serviços da DGSP, trouxeram-lhe grande desgaste. Em
1909, por força da lei que proibia a acumulação de cargos, solicitou sua
exoneração e optou pela direção do instituto que passou a levar seu nome. Em
Manguinhos realizou o levantamento das condições sanitárias do interior do
país por meio de expedições científicas promovidas pelo Instituto Oswaldo
Cruz (IOC), tais como, em 1910, os combates à malária durante a construção
da Ferrovia Madeira-Mamoré, para onde viajou em companhia de Belisário
Penna, e à febre amarela, a convite do governo do Pará. Em 1913 ingressou
na Academia Brasileira de Letras na vaga do poeta Raymundo Corrêa, e um
ano depois foi agraciado com o título de oficial da Ordem Nacional da Legião
de Honra da França. Após deixar o comando do IOC no início de 1916, em
consequência do agravamento de sua doença renal, foi residir em Petrópolis,
onde ocupou o cargo de prefeito por nomeação de Nilo Peçanha, presidente do
estado do Rio de Janeiro. Morreu em 11 de fevereiro de 1917, em Petrópolis.
Legenda para a foto:
Retrato de Oswaldo Cruz em 1906, com dedicatória para o engenheiro
construtor Luiz de Moraes. Fundo Luiz de Moraes.