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Fiocruz lança Fórum de Divulgação e Popularização da Ciência

23 out/2017


Nísia Trindade Lima e Paulo Elian. Foto:Rodrigo Méxas (Multimeios/Icict).

“É muito importante que a população saiba a diferença que faz a ciência em um projeto de país autônomo e democrático”, afirmou a presidente da Fundação Oswaldo Cruz Nísia Trindade Lima ao participar da apresentação do Mapeamento de Ações de Divulgação e Popularização da Ciência na Fiocruz e do lançamento do Fórum Fiocruz de Divulgação e Popularização da Ciência, no Auditório do Museu da Vida. Segundo Nísia, o tema é de fundamental importância no momento em que se discute a ciência sem cortes. Na ocasião, o assessor técnico de Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz (COC), Diego Bevilaqua, apresentou o Mapeamento. Segundo ele, o estudo teve como referência documentos realizados no Reino Unido, México, nos Estados Unidos e pela RedPop (Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia na América Latina e no Caribe). A iniciativa foi feita a partir da distribuição de questionários on-line a profissionais da Fundação. 

O evento contou com a participação de Silvania Sousa do Nascimento, da Diretoria de Divulgação Científica da Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, que trouxe a experiência de mapeamentos feito pela UFMG. Silvania ministrou a palestra Desafios da Divulgação Científica nas Instituições Universitárias, que teve a mediação do pesquisador Marcelo Pelajo, chefe do Laboratório de Patologia e curador da Coleção de Febre Amarela do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

A ideia do Fórum é que promova “a sinergia e a integração entre as diferentes ações e projetos desenvolvidos na Fiocruz, bem como um espaço para compartilhamento de experiências e reflexões a fim de apoiar eventos

integrados como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), além da formulação de propostas políticas”, escreveu o vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Manoel Barral.

A mensagem de Barral foi lida pela coordenadora-geral de Pós-Graduação da Fiocruz, Maria Cristina Rodrigues Guilam. O Fórum será coordenado pela VPEIC, que deverá indicar o comitê executivo de acompanhamento. Mas, ainda será divulgado “o detalhamento de cronograma de reuniões, formas de participação e indicação de nomes”, acrescentou.

De acordo com o diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC), o Mapeamento faz parte de um conjunto de ações para avançar na formulação de uma política de divulgação científica. Paulo Elian disse que a iniciativa está ancorada em princípios e valores, elementos conceituais e diretrizes a fim de articular a ampla e múltipla variedade de projetos e espaços institucionais da Fiocruz. “A COC está bastante empenhada nessa iniciativa”, frisou.

Ao lembrar que o VIII Congresso Interno da Fiocruz está pautado na visão da Fundação como instituição estratégica de Estado, Nísia Trindade Lima lembrou que a perspectiva de comunicar a ciência contribuiu para que a Fiocruz fosse escolhida para o Prêmio José Reis de Divulgação Cientifica em 2015. “Podemos melhorar a nossa forma de comunicar para a sociedade, não apenas na visão de uma transmissão, mas na perspectiva de um diálogo. Não se trata de ensinar ciência às pessoas, mas de dialogar a partir da contribuição da ciência para a sociedade”, destacou a presidente.

Mapeamento de Ações de Divulgação e Popularização da Ciência na Fiocruz

O estudo avaliou as respostas contidas em 168 questionários distribuídos on-line em ampla divulgação à comunidade Fiocruz. Segundo Diego Bevilaqua, o Mapeamento procurou fazer o retrato mais fiel do momento em que foi realizado. O documento constatou ações em quase todo as unidades, com destaque para a Casa de Oswaldo Cruz (COC), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp) com grande participação nesse campo da Divulgação Científica, sendo o Rio de Janeiro a região com maior concentração de atividades (representando 90 por cento das ações). No entanto, houve registro em Minas Gerais (René Rachou), Bahia (Instituto Gonçalo Moniz) Pernambuco (Instituto Aggeu Magalhães), Rondônia, Brasília e Mato Grosso do Sul. Para Diego, há muito espaço para se ampliar as ações de Divulgação Científica.

Quase metade (45 por cento) das atividades das regionais tiveram parcerias externas (universidades, institutos e associações de moradores). De acordo com Diego Bevilaqua, isso potencializa a relação da Fiocruz com outras instituições. No entanto, falta maior relação interna entre as ações. O estudo indicou que metade das ações foi obtida com recursos captados externamente. Ele alertou que isso pode significar dependência, principalmente em momentos de diminuição de orçamentos externos. A solução seria a criação de uma política para garantir recursos às atividades, mas sem retirar o potencial desse tipo de financiamento. De acordo com o Mapeamento, foram encontrados 42 grupos de pesquisa relacionados às atividades de Divulgação Científica na Fiocruz. Segundo Diego, a participação pode aumentar.

Em termos de categorias, foram distribuídas em produtos (virtuais e comunicações audiovisuais), ações educativas em suas várias naturezas, ações de relação com escolas, de formação, promoção da saúde e de educação não formal (ciência, ambiente e patrimônio). Outras categorias como exposições e coleções museológicas e ações de ciência cidadã e engajamento também foram incluídas. Diego explicou que se tratavam de iniciativas de pesquisa que buscavam trabalhar com a sociedade de forma a olhar o público como o próprio processo científico.

Diversidade de ações na Fiocruz

O Mapeamento de Ações de Divulgação e Popularização da Ciência mostrou a diversidade de ações. Ao apresentar o estudo, Diego Bevilaqua mostrou essa característica com alguns exemplos de ações desenvolvidas em três unidades: Casa de Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz e Ensp. Na COC, o Museu da Vida concentra a maior parte das iniciativas, com exposições museológicas, publicações e ações de educação. Mas, a unidade também participa com o blog da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos e a Semana Fluminense do Patrimônio, entre outras atividades. O estudo mostrou que o IOC apresenta maior distribuição entre as diversas categorias, sem identificar concentração em nenhuma área específica: publicações, sites, exposições, vídeo-aulas, e-books, Museu da Patologia, ações na Sala Costa Lima (coleção entomológica) e com escolas, além do mapeamento participativo da qualidade da água, entre outros. No caso da Ensp, as ações se concentram em produtos e ações relacionados à promoção da saúde, como a publicação da revista Radis, os Cadernos de Saúde Pública e o Laboratório Territorial de Manguinhos.