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Fiocruz comemora centenário de Frederico Barbosa

01 set/2016

O pernambucano Frederico Simões Barbosa foi um dos mais importantes nomes das ciências biológicas do Brasil. Como parte da programação do centenário do nascimento do pesquisador e o aniversário de 66 anos do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) – a Fiocruz Pernambuco, instituição que ajudou a fundar –, a presidência da Fiocruz e a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) lançam a exposição Frederico Simões Barbosa: da Medicina Tropical à Saúde Pública.

Para comemorar a data, em 1º de setembro, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da instituição, Nísia Trindade Lima, estarão presentes ao evento na capital pernambucana, ao lado do diretor da COC, Paulo Elian, que falará sobre o arquivo de Frederico Barbosa como legado. Na ocasião, haverá também o lançamento de um documentário sobre a trajetória do cientista. Entre os palestrantes, estão os pesquisadores Carlos Morel, coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Carlos Coimba, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz); e a médica sanitarista Heloisa Mendonça, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Ainda estudante na Faculdade de Medicina do Recife (PE) em 1936, Frederico Barbosa teve influência do renomado cientista Samuel Barnsley Pessoa, com quem viria a ter novo contato ao estudar parasitologia na pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), em 1939. O médico e sanitarista foi impactado pelas transformações que ocorriam no início do século 20 na medicina e nas pesquisas conduzidas no então Instituto de Manguinhos, atual Fiocruz, e pelas campanhas sanitárias do período.

Frederico Barbosa foi professor e diretor da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB). Em 1983, tornou-se professor de epidemiologia da Ensp, da qual foi diretor de 1985 a 1989. Na unidade da Fiocruz, ajudou a criar o Núcleo de Doenças Endêmicas Samuel Pessoa, atualmente um departamento. De volta ao CPqAM, continuou seus estudos em torno da epidemiologia e estratégia de controle da esquistossomose. Barbosa foi membro fundador e primeiro presidente eleito da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), na década de 1970.

A carreira de Barbosa foi dedicada às áreas de microbiologia, parasitologia, zoologia e medicina preventiva na Universidade do Recife, na Universidade Federal de Pernambuco e na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco. Ele atuou ainda no desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas no Nordeste, em 1940 e 1950. Preocupado com uma doença endêmica, a esquistossomose mansônica, mergulhou na investigação dos fatores sociais, econômicos e culturais do problema. Como resultado dos estudos, feitos com outros cientistas, participou da fundação do então Instituto Aggeu Magalhães, em 1950, tornando-o referência nas pesquisas em esquistossomose e outras enfermidades. Barbosa foi diretor do Instituto de 1950 a 1951 e de 1964 a 1969.

Merece destaque o envolvimento de Barbosa com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO). Como parasitologia da OMS, Barbosa não aceitou os relatórios do organismo que autorizavam o uso de moluscicidas para combater a esquistossomose em localidades pobres. Chegou a contrariar a indústria farmacêutica pela adoção daquele método em rio de Gana (África), por considerá-lo ineficaz, caro e por colocar em risco o curso d’água.

Em reconhecimento ao seu trabalho, pesquisadores batizaram novas espécies de insetos e trematódeo (da classe dos parasitas que transmitem a esquistossomose) de interesse médico: Culidoides barbosai (Wirth & Blanton, 1956), Sepedonea barbosai (Knutson & Bredt, 1976) e Echinostoma barbosai (Lie & Bash, 1966). O cientista morreu em 8 de março de 2004 na capital pernambucana.

O acervo de Frederico Barbosa foi doado à Casa de Oswaldo Cruz por sua filha Constança Clara Gayoso Simões Barbosa, pesquisadora do CPqAM. Em 30 anos dedicados à organização e à difusão de conjuntos documentais sobre a história das ciências biomédicas e da saúde do Brasil, a COC apresenta o inventário do Fundo Frederico Barbosa retratando as funções e ações do cientista e permitindo a contextualização de sua vasta produção a partir da segunda metade do século 20.