Se para muitos desenhar é uma atividade prazerosa, relaxante e divertida, para a ciência é uma ferramenta importante para representar com detalhes novas espécies descobertas. Entre borboletas, besouros e mosquitos, a exposição ‘Insetos ilustrados’ convida o visitante a entrar no mundo da ilustração científica: com desenhos ampliados de insetos – todos selecionados do acervo de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos da Fiocruz – chama atenção pela beleza e pelo trabalho artístico que, muitas vezes, compõem os desenhos. A mostra integra as atividades do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). A visitação é gratuita.
“Todas as ilustrações de insetos da exposição são de autoria de importantes ilustradores científicos e foram selecionadas de livros raros, que também estão expostos. O público pode conferir também parte da Coleção de Insetos do Instituto Oswaldo Cruz, que conta com mais de 5 milhões de exemplares”, destacou Héliton Barros, coordenador do Serviço de Visitação e Atendimento ao Público do Museu da Vida da COC e um dos curadores da mostra.
Composta por seis módulos temáticos que versam sobre a ilustração cientifica, a vida dos insetos, técnicas de ilustração na entomologia – ciência que estuda os insetos, passando pela entomologia brasileira e seus principais especialistas, a mostra conta ainda com atividades lúdicas. “As interações práticas permitem que visitante solte a imaginação: além de produzir e colorir seus próprios desenhos, ele vai aprender sobre técnicas simples de ilustração e descrição dos insetos, de forma divertida. Em um outro momento, é possível ouvir o som produzido por alguns destes insetos”, frisou. A visitação pode ser realizada até 31 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 16h30, e aos sábados, das 10h às 16h – livre, na sala 307 do Castelo da Fiocruz, no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4365).
“Esta exposição une diversos acervos da instituição: bibliográfico, museológico, a coleção entomológica, além dos patrimônios histórico e arquitetônico que constituem a trajetória da Fiocruz. Desta forma, a mostra possibilita as pessoas, a sociedade, conhecer a Fundação”, destacou Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, durante a cerimônia de inauguração, realizada no dia 02 de fevereiro. Também prestigiaram a abertura da mostra o diretor da COC, Paulo Elian; o diretor do ICICT, Rodrigo Murtinho; e o Jonas Enrique Perales, vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação.
Outro destaque, segundo Héliton, é que a exposição foi pensada para promover a inclusão social. “Os painéis possuem audiodescrição e detalham minuciosamente o conteúdo, tanto de texto quanto de imagem. Já a parte audiovisual acompanha tradução em libras, que é a língua brasileira de sinais. Desta forma, toda a experiência favorece a inclusão de pessoas surdas ou que não enxergam”, ressaltou.
A exposição é uma parceria da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).
Ciência e arte em sintonia
Pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e também curador da exposição, Márcio Félix explicou que o desenho científico é uma técnica utilizada para reproduzir os detalhes e caracterizar novas espécies. “Por mais completa que seja uma descrição textual, uma boa ilustração, fiel às formas, as proporções das estruturas e, até aos padrões de coloração, facilita o entendimento”, disse. Embora o compromisso do desenho científico seja a fidelidade ao que está sendo representado, para Marcio, a beleza de muitas ilustrações faz com a ciência se aproxime da arte. “No passado, muitas publicações traziam pranchas com belíssimos desenhos dos insetos representados, em coloridas aquarelas, e técnicas com lápis de cor e grafite, por exemplo. Logo, além dos detalhes científicos, chamavam atenção também pela beleza”, contou, acrescentando que, em parceria com pesquisadores, desenhistas profissionais atuavam no toque artístico da ciência.
Patrimônio histórico em diálogo
Durante a visita, o público pode conferir também a beleza de parte dos insetos da Coleção Entomológica do IOC. Criada por Oswaldo Cruz em 1901, o acervo possui cerca de 5 milhões de exemplares, sendo considerado um dos mais ricos da América Latina. Além disso, 11 obras que contém ilustrações científicas do acervo bibliográfico da Seção de Obras Raras da Fiocruz – que possui cerca de 50 mil itens – serão expostas em vitrines. As obras, datadas dos séculos 17 ao 20, foram editadas em diversos lugares do mundo, e produzidas com diferentes técnicas de gravuras. “Nesta mostra, importantes acervos da Fiocruz dialogam e relacionam-se entre si, proporcionando ao público acesso ao universo da pesquisa e de descobertas científicas”, explicou Maria Cláudia Santiago, outra curadora da exposição e coordenadora da Seção de Obras Raras.
Para Maria Cláudia Santiago, o objetivo é aproximar o acervo da sociedade. “Este patrimônio histórico é vivo e dinâmico, contribui para o ensino, a pesquisa e memória da ciência, e auxilia na geração de novos conhecimentos. Colocá-lo ao alcance de todos pode despertar o interesse do público pela ciência”, afirmou. O acervo de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos Fiocruz está disponível online, clique aqui.