O Sars-CoV-2 como agente da história é o tema do comentário do historiador Robert Wegner na série especial Covid-19: o olhar dos historiadores da Fiocruz. Pesquisador do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Wegner também é professor do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde.
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"Quando vemos atores humanos negando a existência do vírus e com comportamento que ameaça a vida de outras pessoas, somos tentados a supor que elas não estão raciocinando muito bem. Os historiadores da ciência precisam chamar a atenção para a consequência dessas ações que parecem sem sentido", afirma.
Em seu comentário, Wegner propõe uma reflexão sobre os atores históricos envolvidos na pandemia de Covid-19, fazendo um contraponto entre o sociólogo Max Weber, para quem o ator deve atribuir sentido às ações, o que só poderia ser feito por seres humanos, e o antropólogo Bruno Latour, para quem o ator histórico é todo elemento, humano ou não, que modifique uma situação, fazendo diferença nas ações de outros agentes.
Dadas as modificações causadas pela pandemia na vida econômica e social em todo mundo, a ponto de produzir uma situação chamada de "novo normal", seria também o vírus um ator histórico? "Para nós, historiadores da ciência, não é só o futuro que será diferente. O passado, de certo modo, também o será", avalia o pesquisador.