Vários médicos colombianos começaram a fazer pesquisas sobre a ancilostomíase (anemia tropical) no início do século 20. Em forma de tese, publicaram resultados clínicos de alguns de seus trabalhos, que apresentavam evidências em torno dos efeitos dessa enfermidade sobre a população colombiana, principalmente, entre os campesinos das áreas rurais de produção cafeeira. O aumento nos casos do agravo coincidiu com importante processo de expansão da fronteira agrícola registrado desde 1870, um processo caracterizado pela migração e colonização de territórios baldios no centro ocidental do país. Isso levou famílias inteiras a se dedicar ao cultivo de café, que permitiu êxito comercial à Colômbia. O país manteve o comércio regular no mercado internacional, a exemplo de outras economias latino-americanas. Convidada do Encontro às Quintas, María Catalina Garzón fará a palestra Uncinariasis y trabajadores del café: La lucha contra la anemia tropical en Colombia (1910 – 1940).
Com a necessidade de mão-de-obra nas fazendas de café, rapidamente houve a difusão da enfermidade. Entretanto, causas e tratamento ainda eram desconhecidos por fazendeiros e campesinos. Os médicos, alarmados pelos recorrentes casos de trabalhadores anêmicos que chegavam aos hospitais, chamaram a atenção do governo. Preocupados com potenciais riscos da ancilostomíase para os setores rurais, alertaram sobre os prejuízos para o progresso, saúde e riqueza da Colômbia. Apesar disso, o governo não apoiou os profissionais. Apenas no início da década de 1920 – no contexto do que Steven Palmer denominou como a Saúde Internacional, o Ministério de Agricultura -, finalmente, assinou acordo de cooperação com a Fundação Rockefeller/JIS para combater a ancilostomíase.
Os médicos colombianos e os norte-americanos trabalharam nas áreas rurais mais afetadas, com campanhas sanitárias massivas dirigidas, sobretudo, entre os campesinos das fazendas de café durante cerca de 20 anos. Com as campanhas, conseguiram diminuir os índices de infecção mudando progressivamente os hábitos para prevenir e conter a doença.
A historiadora María Catalina Garzón fez mestrado pela Universidad de los Andes, em Bogotá, com a dissertação “Memorias del panóptico de Bogotá: proyecto de prisión moderna en Colombia, 1849-1878”, e cursa o doutorado na mesma instituição. Sua pesquisa de doutorado analisa as campanhas contra a anemia tropical e a atuação da Fundação Rockefeller na Colômbia, entre 1918 – 1940. Garzón desenvolveu pesquisas sobre o projeto que levou à criação do Pan-óptico de Bogotá, a antiga Penitenciaría Central de Cundinamarca, que se tornou a sede definitiva do Museo Nacional de Colombia, em 1946.
Entre as publicações da historiadora, estão Archivos y documentos: transcripciones documentales sobre la Nueva Granada en el periodo colonial, em coautoria com Marta Herrera Ángel e María Mercedes Ladrón de Guevara (Bogotá D.C., Colombia: Universidad de los Andes, Facultad de Ciencias Sociales-CESO, Departamento de Historia, noviembre de 2011); En busca de la prisión moderna: la construcción del Panóptico de Bogotá, 1849-1878. Cuadernos de Curadoría, Museo Nacional de Colombia, décima edición, enero-junio 2010.
Encontro às Quintas
Coordenação: Maria Rachel Fróes da Fonseca
Convidada: María Catalina Garzón
Data: 18 de maio | Horário: 10h
Local: sala 401 – Prédio Expansão
Endereço: Avenida Brasil, 4036 – Manguinhos (Rio de Janeiro-RJ)
Informações: (21) 3882-9095 | E-mail: historiasaude@coc.fiocruz.br