Evento discutiu aspectos históricos e legados da descoberta. Foto: Divulgação |
O Museu da Vida promoveu uma mesa redonda nesta segunda-feira (3/6) para celebrar os 60 anos da descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, atribuída aos cientistas James Watson, Francis Crick e Rosalind Franklin. A coordenadora do Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC), Simone Kropf, abriu as discussões com uma abordagem histórica das descobertas científicas.
A pesquisadora ressaltou que o contexto social em que os cientistas estão inseridos são preponderantes para as descobertas. “As descobertas acontecem a partir de certos esquemas interpretativos, de formas de ver o mundo”, afirmou Simone. Ela destacou que o fazer científico é influenciado por disputas, controvérsias e acordos, que vão determinar quais descobertas irão para os livros de ciência e quais não terão esse status.
Simone: Descobertas acontecem a partir de esquemas interpretativos. Foto: Divulgação |
Em sua apresentação, o professor Ildeu Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também lembrou as disputas entre diferentes grupos de cientistas que tentavam desvendar a estrutura do DNA. “Havia uma competição de grupos de pesquisa interessados em encontrar uma solução para aquele problema”, declarou o pesquisador, em referência a cientistas ingleses e americanos.
Já o pesquisador Marco Alberto Medeiros, de Bio-Manguinhos, abordou o papel do DNA no desenvolvimento de novos insumos para saúde. Ele lembrou de uma série de produtos gerados a partir da descoberta da estrutura que beneficiaram a saúde humana e animal, como vacinas, biofármacos e reagentes para diagnóstico. “Os principais produtos de desenvolvimento recente da indústria biofarmacêutica têm base na tecnologia do DNA recombinante”, frisou.
A representação do DNA em diversas mídias, especialmente no cinema, permeou a apresentação de Milton Moraes, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). “Sessenta anos depois (da descoberta de sua estrutura), o DNA se tornou popstar, ocupa as páginas dos jornais; está muito além da biologia”, afirmou, destacando que muitos filmes de ficção sobre biotecnologia buscam ter uma base científica atualmente.