Você já ouviu falar no grupo Documentação e Conservação do Movimento Moderno, conhecido na área de arquitetura e preservação pela sigla Docomomo? Sabe como funciona e se articula este movimento? E quais são os seus objetivos?
Os professores da UFRJ Roberto Segre e Marlice Azevedo organizaram, com Renato Gama-Rosa Costa e Inês El-Jaick Andrade, da Casa de Oswaldo Cruz, o livro Arquitetura + arte + cidade: um debate internacional (Editora Viana & Mosley, 2010), que reúne uma coletânea de trabalhos apresentados durante o “8º Docomomo Brasil: um diálogo entre modernidade e contemporaneidade”, realizado em 2009 no Rio de Janeiro, no Palácio Capanema, símbolo da arquitetura moderna.
O Docomomo é um movimento internacional dedicado à documentação e conservação de edifícios modernos e surgiu na Holanda em 1985. Obteve sucesso em sua primeira campanha, que visou impedir a destruição de um edifício em ruínas, considerado um ícone da arquitetura modernista. Construído nas décadas de 1920-30, ali funcionou o Sanatório Zonnestraal para tuberculosos. A ideia do Movimento era chamar atenção de diversos países europeus, para a necessidade de preservá-lo, bem como a outros prédios construídos entre o final do século 19 e início do 20. A ação ganhou adeptos da causa da preservação do patrimônio arquitetônico moderno.
No Brasil, o núcleo do Docomomo surgiu no início dos anos 1990, chegando ao Rio de Janeiro apenas em 2006, capitaneado por um grupo de entusiastas, que incluía professores, pesquisadores, arquitetos e estudantes da UFRJ, UFF, diversas outras universidades e instituições como o Iphan, o Centro de Arquitetura e Urbanismo da Prefeitura, a Fiocruz, a Fundação Niemeyer e a Casa Lucío Costa, que reúne profissionais que se dedicam à preservação do patrimônio moderno. Na cidade, é riquíssima essa herança deixada por mestres como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, os Irmãos Roberto, Sergio Bernardes, Henrique Mindlin, entre outros.
Os professores da UFRJ Roberto Segre e Marlice Azevedo são autores de um dos artigos introdutórios do livro. Eles escreveram “O 8º Docomomo Brasil: um diálogo entre modernidade e contemporaneidade.” Maria da Silveira Lobo, da UFF, fez o outro texto de abertura do livro, “Um exercÍcio de síntese das artes para a conservação do patrimônio moderno”. A edição reúne ainda nove conferências apresentadas por especialistas de diversos países da Europa e Américas, durante o seminário internacional, cujo tema central foi “Cidade moderna e contemporânea: síntese e paradoxo das artes”. Quem se interessar pela publicação terá acesso também às 18 comunicações de temas diversos, bem como aos textos apresentados pelos participantes da mesa-redonda “Brasília cidade real, cidade tombada”.
O antigo sanatório é reconhecido como um ícone do Nieuwe Bouwen School,
o braço holandês do Movimento Moderno Internacional. Os arquitetos Jan Duiker e Bernard Bijvoet são autores do projeto, de 1925. O prédio funcionou como sanatório para tuberculosos até 1953 e foi hospital geral até 1993. Em 2010, a proposta de restauração ganhou o prêmio concedido a monumentos modernos pela Unesco.
Foto: Albert-J-Zegelaar, obtida em 8 de maio de 2012, no blog The urban earth.