Como parte das atividades do curso de Especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde, a Casa de Oswaldo Cruz recebeu, nos dias 7 e 14 de junho de 2011, a pesquisadora Marta Lourenço, do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, que ministrou o mini-curso ‘Cultura Material da Ciência e Técnica’.
Esta foi a segunda visita da pesquisadora portuguesa à COC. No ano passado, Marta ministrou a palestra “De silêncio empoeirado a vozes do passado: coleções de instrumentos científicos como fontes primárias para a história da ciência, tecnologia e medicina”, quando a temática do uso e da preservação dos contextos de instrumentos científicos para historiadores sensibilizou os profissionais da instituição.
Na ocasião, a COC sinalizou com a possibilidade de futuras ações de cooperação com o Centro Inter-universitário de História da Ciências e das Técnicas ao qual pertence a pesquisadora. Assim, neste ano essa parceria foi concretizada com o mini curso oferecido aos alunos da especialização. Para Paulo Elian, vice-diretor de Pesquisa, Educação e Divulgação Científica e coordenador da especialização, a temática do mini-curso é plenamente compatível com as questões conceituais e metodológicas que orientam a especialização em Patrimônio Cultural. Neste aspecto, Elian destaca as relações entre a investigação histórica e o estudo dos acervos documentais, e a apresentação das bases teóricas e metodológicas empregadas no conhecimento dos objetos museológicos que integram a cultura material.
Marta abriu o curso tentando conhecer um pouco o perfil dos alunos do curso, que contempla arquitetos, arquivistas, historiadores, restauradores, museólogos e escultores, entre outros. A partir daí, explicou que o objetivo do curso era oferecer ferramentas para que os profissionais possam usar as fontes materiais, os objetos, como fontes primárias para informação: “Algumas áreas se especializam mais no estudo dos objetos, como os paleontólogos e os arqueólogos. Já os historiadores são pouco preparados para lidar com as fontes materiais. Sua formação é orientada à interpretação de documentos e livros, e não aos artefatos como fontes primárias”, disse.
A pesquisadora explicou que o curso seria dividido em módulos. Por meio atividades expositivas e participativas, com exercícios práticos, o curso oferece um panorama geral dos museus científicos, noções básicas de organização e gestão de acervos de Ciência e Técnica, além de uma introdução a respeito da cultura material e do estudo de objetos.
Em sua exposição inicial, Marta apresentou algumas diferenciações importantes, tal como o escopo do patrimônio que o curso abordaria. Segundo a pesquisadora, a área da Ciência contempla dois tipos de patrimônio: o ‘artificialia’ e o ‘naturalia’. O primeiro é feito pelo homem e hoje tem relevância apenas para a história, e não mais para suas disciplinas de origem. Já com o naturalia, o caminho é oposto: “Os herbários, por exemplo. Independente de terem 600 anos e, por isso, trazerem também um valor histórico, eles permanecem tendo valor científico para a área da botânica. Isso não acontece com os artefatos tecnológicos, os ‘artificialia’, que são o foco deste curso”.
Outro ponto importante da fala da pesquisadora diz respeito à interação dos museus com seus públicos: “Os Museus não existem apenas para os pesquisadores e para quem trabalha neles, como um local para armazenar peças. Eles devem servir ao público, e para isso é preciso torná-los acessíveis, estudar e enriquecer continuamente seu acervo, para que o mesmo seja comunicado e exposto para estudo, educação e lazer”, afirma.
Saiba mais sobre a primeira visita de Marta Lourenço à Casa de Oswaldo Cruz