Como revelar uma fotografia, focar, enquadrar objetos e editar imagens. Essas são algumas das técnicas básicas que já estão sendo ensinadas aos vencedores das categorias infantil e infanto-juvenil do concurso de fotografia “Olhares sobre o Patrimônio”, promovido pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) em 2010.
Desde a última segunda-feira (7/2/11), esses 11 jovens são orientados no Campus Fiocruz da Mata Atlântica, em Jacarepaguá, em encontros de seis horas com o diretor de iluminação e fotografia da Rede Globo de Televisão e presidente da Ong Olhar do Mangue, Zé Alailton. A equipe fotográfica da Ong conta ainda com Renan Ferreira, Dean Delmo e Joice Ellen Moureira.
Até o fim de fevereiro, outros nove jovens terão as mesmas aulas, aos sábados, no campus de Manguinhos. Destes, três foram premiados no concurso e outras seis são crianças da comunidade de Manguinhos. Elas participam de atividades educacionais na igreja São Daniel Profeta, em Manguinhos, coordenadas por Michelle Oliveira. A igreja São Daniel Profeta é objeto de convênio que está sendo firmado entre a a COC e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) para recuperação do imóvel, que é tombado.
Crianças premiadas no concurso durante atividades no campus Mata Atlântica. Na cena, treinamento que busca demonstrar a dificuldade de locomoção com a falta da luz, atividade que veio logo em seguida à aula que informou que a imagem que o ser humano percebe é luz refletida. |
A respeito do andamento das atividades, Zé Alailton conta que, por se tratar de um público atípico – crianças de 9 a 11 anos -, a equipe está tentando passar conceitos de ótica de forma lúdica. E, segundo Alailton, a iniciativa está dando certo: “Penso ter descoberto um celeiro de possíveis fotógrafos, pois a técnica eles estão dominando. Eles conhecem bem o local, são nativos”.
A metodologia do curso propõe a transmissão dos conhecimentos técnicos para a prática da fotografia estática e dinâmica, proporcionando aos alunos experiências sensoriais que os permitam absorver os conceitos da imagem de forma natural e efetiva. “A pedagogia aplicada é inspirada em Paulo Freire, e tento me apropriar de elementos do cotidiano deles para explicar”, conta Alailton.
O curso contribui, também, para a construção social de indivíduos através da arte da fotografia, despertando olhares e visões de mundo e colaborando, ainda, para a futura inclusão dos alunos no mundo da arte e do trabalho, despertando vocações e sendo um grande estimulador de talentos. “Tento fazer um trabalho de inclusão visual. Quando alguém analisa uma foto estática, brotam valores como pertencimento e territorialidade. Isso permite uma maior valorização de seu espaço e organiza o grupo para a permanência no mesmo”, afirma Zé.
Premiação
Na cerimônia de premiação do concurso, realizada no último dia 3 de fevereiro, Cristina Coelho, chefe do núcleo de educação patrimonial da COC e coordenadora da iniciativa, falou sobre a ampliação do concurso, que em sua segunda edição incluiu o Campus Fiocruz da Mata Atlântica como foco dos olhares fotográficos, incorporando também o público infantil e infanto-juvenil. “A intenção é despertar o olhar sobre o patrimônio que a Fiocruz construiu e que a COC tem a missão de preservar”, disse. Cristina informou também sobre a exposição virtual com todas as fotos que participaram do concurso, disponível no Portal COC.
A diretora da COC Nara Azevedo e o vice-diretor de Informação e Patrimônio Cultural Marcos José Pinheiro falaram sobre a importância de expandir ainda mais o escopo do concurso. Marcos José lembrou que o concurso pode ser estendido à Semana Fluminense do Patrimônio, que deve ser realizada em 2011, e Nara lembrou que o patrimônio humano também deveria ser valorizado, não só nos campi do Rio de Janeiro, mas também em outros estados nos quais a Fiocruz atua.
Os fotógrafos “amadores” – que, segundo um dos presentes na platéia, correspondem àqueles que se dedicam a algo com amor – tiveram suas fotos exibidas ao público e receberam seus certificados e algumas unidades do calendário ilustrado por parte das fotos premiadas no concurso.
Ana Luiza Barbosa Wegner, a menina de 10 anos premiada com o 1° lugar na categoria de patrimônio arquitetônico para sua idade e que teve a foto escolhida para ilustrar a capa do calendário, foi a primeira a receber o prêmio, fazendo questão de agradecer aos pais e aos amigos que a incentivaram a participar do concurso.
Os demais fotógrafos premiados ressaltaram a importância do concurso, que permitiu aos frequentadores da Fiocruz uma pausa para admirar e compartilhar novos ângulos do rico patrimônio que os rodeiam.
Saiba mais:
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