Com uma série de reflexões sobre o chamado ciberativismo, está disponível no portal SciELO o suplemento Inovação e perspectivas recentes na história das ciências da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Além de oito artigos sobre novas ferramentas de atuação política e social, que abordam desde a emergência do partido Podemos, na Espanha, à regulação da internet em países da América e da Europa, este número traz textos que tratam de temáticas diversas, como a evolução do comportamento cultural humano e a remediação de solos contaminados com petróleo na Amazônia equatoriana.
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SciELO – HCS-Manguinhos, vol.22, suplemento
Blog da revista ‘HCS-Manguinhos’
Edição anterior: Novo número de ‘HCSM’ disponível no SciELO
O artigo que abre esta edição de História, Ciências, Saúde – Manguinhos explora a faceta brasileira do coletivo Anonymous, a principal expressão do ativismo hacker da atualidade. O trabalho classifica o hacktivismo como uma forma de resistência política nas sociedades de controle e descreve motivações, métodos e a ética dessas ações. Os autores identificam quatro de suas principais formas de engajamento político: promoção de anonimato, “evangelização”; formação de redes distribuídas e o fato de o coletivo exibir e possibilitar várias formas de ações políticas.
Este número traz ainda os resultados de uma etnografia virtual conduzida em três grupos que reúnem portadores de diabetes, hepatite C e Aids no Facebook. O estudo busca entender se esse tipo de interação promove o empoderamento do cidadão ou se acaba por ampliar a dominação dos saberes médicos instituídos. Outro artigo analisa experiências de webativismo em São Paulo empreendidas por diferentes organizações sociais. Ao constatarem que movimentos com maior inventividade e variedade de estratégias em suas ações obtêm melhor desempenho, os autores apontam para um novo campo de ação política contemporânea.
Dois artigos desta edição dedicam-se ao universo dos museus de ciência e saúde. O primeiro tenta compreender a apropriação do teatro como estratégia de divulgação científica por museus e centros de ciência brasileiros, por meio de uma pesquisa qualitativa realizada com 24 instituições do País. Outro texto apresenta cinco das coleções do Museu de Saúde de Portugal – Tuberculose, Urologia, Psicologia, Medicamento e Malária – e discute a problemática do desenvolvimento da atividade museológica no espaço de um laboratório nacional, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Ao comentar o surgimento das novas ferramentas de atuação política e social ancoradas na internet, tema que permeia diversos artigos desta edição, os editores de História, Ciências, Saúde – Manguinhos lembram em sua carta uma série de eventos críticos que marcaram 2015 – desde o rompimento da barragem de Mariana (MG) aos atentados ocorridos em Paris – que têm resultado na articulação de grupos e movimentos que tentam compreender e remediar essas crises globais e locais. Os editores fazem ainda um rápido balanço da investida da revista nas redes sociais, iniciada em 2013.