O projeto “Digitalização do acervo de negativos de vidro do Instituto Oswaldo Cruz” foi contemplado em edital do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD), da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.
O objetivo é preservar e dar acesso à parcela do acervo de imagens históricas em depósito na Casa de Oswaldo Cruz por meio da digitalização de 8 mil imagens produzidas no início do século XX em negativos de vidro. Essas imagens registram ampla variedade de atividades científicas realizadas pelo Instituto Oswaldo Cruz e constituem repositório singular sobre a memória visual da saúde pública brasileira. Os negativos integram um acervo iconográfico sob a guarda da Fiocruz, com cerca de 80 mil registros. Não se tem notícia de outro acervo que possua as mesmas características de conteúdo e volume, o que o habilita como referência para estudos que discutam a técnica e a estética fotográficas aplicadas à área da saúde e da ciência.
Pavilhão Mourisco em fase de construção. RJ, 1907. Imagem do acervo de negativos de vidro da COC.
Os recursos do fundo são oriundos de multas aplicadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela secretaria de Direito Econômico (SDE), além de condenações judiciais de ações relacionadas ao meio ambiente e a outros direitos difusos, como direito do consumidor, direito da concorrência e patrimônio histórico, cultural e artístico.
Sobre os negativos de vidro da Casa de Oswaldo Cruz:
Com 8 mil itens em múltiplos formatos, situados entre as décadas de 1910 e 1940, o acervo de negativos de vidro da Casa de Oswaldo Cruz originou-se desde os primeiros anos de atividade do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), que já contava com laboratório fotográfico próprio. Integrando seus quadros funcionais trabalhava o fotógrafo Joaquim Pinto da Silva (J. Pinto, como se assinava), contratado ainda na primeira década do século XX. Desde os primórdios do IOC a produção de registros fotográficos, entre outros suportes de informação, como plantas arquitetônicas, correspondência, impressos etc, firmou-se como uma das mais prolíficas e foi instituída formalmente como um dos setores de produção institucional.
A existência de um laboratório no IOC era fato peculiar à época e denota o interesse e a importância da produção desses registros para os trabalhos que ali seriam desenvolvidos. Acredita-se que a maior parte do acervo de negativos e fotografias tenha sido feita por J. Pinto. Ele registrou imagens de pesquisadores, instalações, construções, laboratórios, funcionários, visitantes – como a famosa passagem de Albert Einstein por Manguinhos – e também dos arredores do atual campus da Fiocruz, o que, além da óbvia importância científica e histórica, se constitui em um valioso acervo da evolução da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, o fotógrafo produziu centenas de imagens que mostram as paredes, as luminárias, os pisos, as escadarias, os relevos e todos os detalhes do Pavilhão Mourisco. Suas lentes também captaram a construção de outros pavilhões e do Hospital Oswaldo Cruz, atual Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas.