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Arquitetos falam sobre a importância da conservação de prédios de hospitais no Brasil em conferência internacional na Finlândia

24 ago/2012

 

Os arquitetos Renato Gama-Rosa Costa, da Casa de Oswaldo Cruz, e Ana Albano Amora, da UFRJ apresentaram “Patrimônio moderno da saúde no Brasil: desafios para a sua conservação”, na 12ª Conferência Docomomo (Documentation and Conservation Modern Movement) Internacional, este mês em Espoo, na Finlândia. Eles participam de um projeto que envolve várias instituições brasileiras e de países latino-americanos, que tem como objetivo fazer o inventário de prédios construídos para abrigar instituições da saúde.

 

Este projeto já resultou em alguns livros da coleção “História da saúde: instituições e patrimônio arquitetônico”, das editoras Fiocruz e Manole, que apresentam os resultados dos levantamentos realizados até o momento no Rio de Janeiro, na Bahia, em Minas Gerais, em Porto Alegre e São Paulo. As discussões e análises dos profissionais que participam deste “Inventário Nacional do Patrimônio Cultural da Saúde”, desenvolvido em 11 capitais e envolvendo edificações de 1808 a 1958, vêm ganhando importância em fóruns do país e no exterior.

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Hospital Einstein,  projeto de Rino Levi. São Paulo,
entre 1958-60.

“Os desafios para a preservação das características dos projetos originais são de grande magnitude, pois as novas tecnologias para o tratamento e a cura das doenças exigem mudanças significativas nos programas arquitetônicos e nas instalações prediais”, destaca Gama-Rosa. Por outro lado, segundo o arquiteto, “as adaptações nesses prédios priorizam a funcionalidade”. As obras, segundo os integrantes do projeto, “são documentos representativos do campo médico, e conseqüentemente, passíveis de ações de preservação cultural”. Renato também destaca que “o desafio é ainda maior” quando se trata de imóveis construídos entre as décadas de 1930 e 1960, pois ainda não há projetos arquitetônicos visando “a preservação do moderno e da saúde, concomitantemente”.

 

 

Gama-Rosa e Amora vão falar no encontro internacional do Docomomo na Finlânida sobre vários aspectos das construções modernas no campo da saúde no Brasil, que permitiram uma melhor estruturação do atendimento, do tratamento e da cura de doenças, contando com profissionais formados em universidades prestigiadas, tanto em cursos de arquitetura e de belas artes quanto em escolas de engenharia. Na síntese do trabalho que vão apresentar, os autores dizem: ”observamos referências estéticas representativas do moderno, e a sua mescla com elementos da tradição arquitetônica, bem como a utilização de técnicas construtivas e materiais contemporâneos à época, como o concreto armado, mesclado com técnicas e materiais típicos do país”.

 

No trabalho apresentado, Gama-Rosa e Amora concentraram-se em exemplos específicos de hospitais construídos entre 1930 a 1960, discutindo “projetos de diversos matizes e as intervenções que os descaracterizam”. Eles falaram do que aconteceu no Hospital Nereu Ramos, cujo projeto é de Paulo Motta, em Santa Catarina e de vários hospitais do Rio de Janeiro: do Hospital da Lagoa, de autoria de Oscar Niemeyer; do Sanatório de Curicica, de Sergio Bernardes e do Instituto de Puericultura, de Jorge Machado Moreira. Eles lembram da importância dos acervos documentais referentes a esses projetos, como peças fundamentais para a realização de obras visando a adequação física dos prédios. Falaram também sobre “a necessidade de uma formação específica na área patrimonial, para arquitetos e engenheiros”.

 

O congresso internacional reuniu integrantes do Docomomo, instituição não governamental sem fins lucrativos, com representação em 40 países, que cuida da documentação e preservação do patrimônio da arquitetura moderna. No plano internacional, essas construções modernas brasileiras contam com o reconhecimento da organização internacional, que já manifestou-se sobre a importância das edificações modernas para a saúde. A primeira ação da entidade, após sua fundação em 1985, foi capitanear uma campanha visando a conservação do Sanatório de Zonnestraal, na Holanda.