Fiocruz
Webmail FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

A cobertura jornalística da pandemia de gripe suína no Peru, o controle da natalidade na América Latina e o desenvolvimento sustentável no século 21

17 jul/2012

Você sabe como a imprensa e as autoridades de saúde reagiram à pandemia de gripe no Peru em 2009? E como a Igreja Protestante, aliada a organizações como a Pathfinder Fund, fizeram campanhas visando o planejamento familiar naquele país na segunda metade do século 20? Já ouviu falar sobre os modelos de saúde que levam em conta o crescimento econômico e a sustentabilidade do meio ambiente? Esses foram os temas das três palestras dos integrantes da mesa redonda da tarde de sexta-feira, 29/6, do Seminário internacional sobre saúde global: perspectivas históricas da América Latina e do Caribe.

 

Em Veja mais, assista ao vídeo com a íntegra das palestras e confira artigos da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos relacionados aos temas.

 

 

Jorge Lossio, da Pontifícia Universidad Católica del Peru foi o primeiro a falar, lembrando que os primeiros casos da pandemia de gripe de 2009 surgiram em março, no México, matando centenas de pessoas naquele país. O vírus influenza A H1N1 rapidamente se espalhou por todos os continentes, ficando conhecido como o responsável pela “gripe suína”.

 

seminariogilbertolossio
Ao microfone, Jorge Lossio.
Foto de Vinícius Pequeno.

A imprensa peruana fez muito barulho em torno da nova doença, que recebeu uma cobertura jornalística alarmista, logo depois que alguns jovens da alta classe média do país voltaram de férias de uma viagem ao Caribe, apresentando sintomas como febre, fraqueza, dores de cabeça e de garganta. Tudo muito parecido à gripe comum, mas naquele caso poderia complicar bastante.

 

Na época, houve críticas de vários setores da sociedade ao excesso de atenção das autoridades sanitárias à epidemia, ao comparar tanta preocupação com a nova gripe ao pouco cuidado dispensado anualmente aos numerosos casos de infecções respiratórias que atingem crianças de baixa renda nos altiplanos andinos.

 

Professor nos departamentos de Medicina Social e de História da University of North Carolina, Raul Necochea fez a segunda palestra, em que contou como organizações privadas como a Procter & Gamble, associada aos protestantes, buscaram aliados na América Latina para implantar estratégias eficientes visando o controle da natalidade no Peru, Brasil, Chile, Belize e Argentina.

 

Esses grupos enfrentavam hostilidade de autoridades nos diversos países, em geral contrárias à utilização de dispositivos intrauterinos e outras formas contraceptivas. As campanhas incluíam a distribuição de folhetos de alta qualidade gráfica e dispunham de textos convincentes. Persistiram até 1966, com a morte de um dos líderes daquele movimento, Clarence Gamble. Até aquele ano, o programa funcionava em muitos países da América Latina e África.

 

Iris Borowy, da Universidade de Rostock, na Alemanha, falou sobre os determinantes sociais da saúde, relacionando as formas com que as teorias do desenvolvimento consideram a interação, nas organizações internacionais, entre esses fatores e o desenvolvimento econômico, responsável pelos níveis de emprego e qualidade de vida, bem como o meio ambiente, que inclui água pura, ar limpo e clima estável.

 

Ela mostrou quadros com a variação demográfica no período da industrialização, da modernização até a cultura do individualismo e do consumo, quando o papel da família cai em importância. Há um aumento expressivo na população em relação ao número de mortes, que também decresce consideravelmente no período. Esta variação do índice demográfico coincide com as mudanças verificadas no quadro epidemiológico.

 

A professora destacou a existência de doenças “tradicionais”, as infecciosas, bem como aquelas causadas pela desnutrição, e as “modernas”, como as cardiovasculares, cânceres e os males resultantes de acidentes. A pesquisa engloba o período de meados do século 20 aos nossos dias, em que se verifica entre 10% e 25% de crescimento econômico e a industrialização nos países da Europa e América do Norte. Percebe-se, também, a modernização da tecnologia e da infraestrutura de saúde nesses anos.

 

Veja mais

 

Cobertura da manhã de 28/06 | Palestras de Adam Warren, Mariola Espinosa e Steven Palmer

Cobertura da tarde de 28/06 | Palestras de Ana María Carrillo, Karina Inés Ramacciotti e Magali Romero Sá

Cobertura da manhã de 29/06 | Palestras de Gabriela Soto Laveaga, Diego Armus e Luiz Antonio Teixeira

 

Hist. cienc. saude-Manguinhos v.9 supl.0 Rio de Janeiro 2002

 

 

Hist. cienc. saude-Manguinhos v.13 n.3 Rio de Janeiro jul./set. 2006

 

 

{flv}live_user_infococ_1340990372{/flv}

 

{flv}live_user_infococ_1340996484{/flv}