Fiocruz
Webmail FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
15 de Dez de 2025
13:30

Cátedra Oswaldo Cruz debate impactos das mudanças climáticas em territórios vulnerabilizados

Salão de Conferência Luiz Fernando Ferreira

Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro

Para discutir os desafios impostos pelas mudanças climáticas e seus impactos sobre a saúde, em especial, em territórios tradicionais e vulnerabilizados, a Cátedra Oswaldo Cruz de Ciência, Saúde e Cultura realiza, no dia 15 de dezembro, a partir das 13h30, a II Mesa-Redonda Mudanças climáticas, governança territorial e saúde: desafios do tempo presente, no Salão de Conferência Luiz Fernando Ferreira do Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS), no campus da Fiocruz, em Manguinhos. O evento terá transmissão pelo canal da Casa de Oswaldo Cruz no YouTube.  

A mesa-redonda, que visa aproximar vivências e saberes sobre territórios, meio ambiente e vulnerabilidades, reunirá pesquisadores e gestores.  Em sua apresentação, Planet&Ar: aprender e cuidar em territórios à beira da crise climática, Nelzair Vianna Araújo, pesquisadora em saúde pública da Fiocruz Bahia, vai falar sobre o projeto que ela coordena na Ilha da Maré, na Baía de Todos os SantosO local é habitado por comunidades remanescentes de quilombos que vivem da pesca e da agricultura familiar.  

Em Um olhar quilombola sobre a crise climática: seus impactos na saúde, Maristela Menezes Lopes vai compartilhar sua experiencia como quilombola, pescadora, marisqueira, poeta e enfermeira na Unidade de Saúde da Família da Ilha de Maré. Integrante de coletivos que reúnem pescadores e pescadoras artesanais, Maristela é uma ativista com experiência no campo da saúde.     

Já Luiz Ketu, integrante do Quilombo São Pedro, no Vale do Ribeira, em São Paulo, apresentará os Impactos e desafios da mudança climática em territórios quilombolas. Ele desenvolve pesquisas no campo da Educação, e tem atuação voltada para a valorização da cultura alimentar quilombola.  

Com pesquisas sobre a vida de famílias de baixa renda da capital carioca e da região metropolitana, Camila Pierobon propõe uma comunicação intitulada Infraestruturas entre várzeas e milícias: habitação popular, territorialização do poder e eventos climáticos no Rio de Janeiro. Em estágio de pós-doutorado no Museu Nacional, tem se dedicado a pensar a produção da cidade a partir de suas águas.  

A mesa-redonda será mediada por Luciana Heymann, professora do Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde (PPGPAT) da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Ficruz). 

Aprovada em 2021 pela UNESCO, a Cátedra Oswaldo Cruz de Ciência, Saúde e Cultura parte do entendimento da saúde como construção social e cultural e se volta para as enormes desigualdades que atingem a população brasileira e marcam as experiências de distintas comunidades, urbanas e rurais. Para discutir e propor caminhos, a Cátedra busca incentivar a colaboração Norte-Sul-Sul, reunindo instituições de pesquisa das Américas e da Europa, e fomentar o intercâmbio de conhecimento entre comunidades tradicionais e suas formas de saber com outras formas de saber e de conhecimento. 

Programação:  

13h30 – Mesa de abertura: Dominichi Miranda de Sá (vice-diretora de Pesquisa e Educação), Magali Romero Sá (coordenadora da Cátedra Oswaldo Cruz) e Luciana Heymann 

14h – Mesa-redonda:  

Nelzair Vianna Araújo  

Planet&Ar: aprender e cuidar em territórios à beira da crise climática 

Maristela Menezes Lopes 

Um olhar quilombola sobre a crise climática: seus impactos na saúde 

Luiz Ketu  

Impactos e desafios da mudança climática em territórios quilombolas 

Camila Pierobon  

Infraestruturas entre várzeas e milícias: habitação popular, territorialização do poder e eventos climáticos no Rio de Janeiro  

16h – Debate 

Mediação: Luciana Heymann 

Convidados(as):  

Nelzair Vianna Araújo é pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz na Bahia. Doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da USP, mestre em Medicina e Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Fiscal da Anvisa/SMS, atuando em cooperação com a Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador. Coordenadora dos Projetos Soprar Salvador e Planet&AR. Representa Salvador na rede internacional de qualidade do ar C40. Co- fundadora do Fórum de Energia e Clima e coordenadora da Câmara temática de saúde no Painel Salvador de Mudança do Clima. Professora do Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica da Fiocruz Bahia. Integrante do Programa de embaixadores do Planetary Health Alliance 2019 e Membro do Saúde Planetária Brasil da USP. Atua em pesquisas nos temas: poluição do ar, qualidade do ar interno, microorganismos, biotecnologia, resíduos de serviços de saúde, poluição atmosférica e mudanças climáticas. 

Maristela Menezes Lopes é quilombola, pescadora, marisqueira, poeta e enfermeira na Unidade de Saúde da Família da Ilha de Maré, em Salvador. Sua trajetória é entrelaçada com as águas, os saberes ancestrais e a força das mulheres do território. Faz parte do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) e da Articulação Nacional das Mulheres Pescadoras (ANP), espaços onde ecoa as vozes das companheiras que vivem da pesca e resistem diariamente às injustiças ambientais e sociais. Candomblecista, filha de Oxum, do Ilê Axé Ode Talakê, guiada pelo axé do seu babalorixá Fernando de Odé. 

Luiz Ketu (Luiz Marcos de França Dias) é do Quilombo São Pedro, localizado no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde ministra oficinas de capoeira e percussão no Ponto de Cultura Puxirão Bernardo Furquim, e participa da Associação Quilombo São Pedro. Integra a coordenação do Coletivo Nacional de Educação – um dos coletivos da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) – e a Coordenação de Quilombos de São Paulo. Docente licenciado da rede estadual paulista de ensino, graduado em Letras e Pedagogia, escritor, pesquisador, mestre e doutorando em Educação. Coautor dos livros Roça é vida e Na companhia de Dona Fartura: uma história sobre cultura alimentar quilombola e autor de Saberes da roça: comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e os processos de resistência e organização político-comunitária. 

Camila Pierobon é pós-doutoranda PIPD/CAPES no Museu Nacional. Doutora em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UERJ, com pós-doutorado no Centro de Estudos Brasileiros Behner Stiefel da Universidade Estadual de San Diego e período como pesquisadora visitante no Departamento de Antropologia da Universidade Johns Hopkins. Suas pesquisas focam na vida cotidiana de famílias de baixa renda que habitam a cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana. Atualmente, busca compreender a produção da cidade a partir de suas águas (potável, chuvas, enchentes e esgoto, além dos rios e da própria Baía de Guanabara), visando discutir os efeitos das mudanças climáticas no espaço urbano.