A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) foi convidada para atuar como Nó Nacional brasileiro na fase piloto do projeto internacional “Nossas Coleções Importam” (Our Collections Matter – OCM), coordenado pelo Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (ICCROM).
Nesse papel, a COC será responsável por articular e multiplicar informações sobre desenvolvimento sustentável para museus, arquivos, bibliotecas e outras instituições baseadas em coleções, incentivando a integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) nas atividades diárias do setor patrimonial. A instituição também apoiará o uso de ferramentas internacionais desenvolvidas pelo ICCROM.
O projeto piloto reúne representantes de seis países — Brasil, Letônia, Grécia, Filipinas, Portugal e Emirados Árabes Unidos — com o objetivo de fortalecer os relatórios nacionais por meio da colaboração de instituições dedicadas à salvaguarda do patrimônio cultural.
Ao integrar o OCM, o Brasil passa a fazer parte de uma rede internacional que evidencia como as coleções culturais podem contribuir não apenas para o ODS 11.4 – voltado ao fortalecimento de proteção do patrimônio cultural e natural mundial -, mas também para metas relacionadas à educação, igualdade, consumo responsável e ação climática.
“Assumir o papel de Nó nacional brasileiro é um reconhecimento ao trabalho que já desenvolvemos na área de preservação e sustentabilidade. Desta forma, atuaremos como ponte entre o ICCROM e as instituições brasileiras, fortalecendo a participação do país nesse movimento internacional”, afirma Nathália Vieira Serrano, Chefe do Serviço de Conservação e Restauração de Documentos do Departamento de Arquivo e Documentação da COC.
Entre as primeiras ações da iniciativa está a tradução para o português da ferramenta Our Collections Matter Self-assessment Tool (Nossas Coleções Importam – Ferramenta de Autoavaliação), que permite às instituições avaliar seu desempenho em relação aos ODS. Atualmente disponível apenas em inglês, o manual auxilia as organizações na elaboração de diagnósticos da situação atual e no planejamento de melhorias.
“Nossa prioridade é garantir que mais instituições brasileiras tenham acesso a ferramentas em seu próprio idioma e compreendam como alinhar suas práticas aos ODS. Com isso, conseguimos ampliar o impacto positivo do trabalho com as coleções patrimoniais no desenvolvimento sustentável”, explica Serrano.
Sustentabilidade e próximos passos
De acordo com Nathália Vieira Serrano, a Casa já vem incorporando os ODS em sua estratégia institucional, com iniciativas que incluem, por exemplo, um Programa de Sustentabilidade para o Plano de Requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos (Nahm), e o Projeto Sustentabilidade Ambiental em Laboratórios de Conservação, que avalia infraestrutura, compras, gestão de resíduos e equipamentos para reduzir impactos ambientais.
“A ideia é incluir o ideal do desenvolvimento sustentável ainda na fase de concepção dos projetos”, destaca. “Esse é um passo importante para garantir que nossas coleções sejam preservadas de forma responsável e sustentável”, explicou.
Como desdobramento desse compromisso, a Casa pretende lançar, já no próximo ano, uma disciplina livre em seu Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde, com foco em sustentabilidade e preservação. Também está prevista a realização de um seminário internacional sobre o mesmo tema.
“Queremos formar profissionais, mas também criar redes e espaços de diálogo. A sustentabilidade no patrimônio cultural precisa ser construída de forma colaborativa”, enfatiza Serrano.