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“A memória não é o passado, é um arquivo vivo, que permite que as instituições atuem de forma consciente”, defende pesquisadora

21 ago/2023

Por Cristiane Albuquerque

“A memória não é o passado, não é um arquivo morto; é um arquivo vivo, que permite que as instituições e os sujeitos atuem de forma consciente e projetiva”. A reflexão foi feita pela pesquisadora Ana Paula Goulart Ribeiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, durante a 5ª edição do Fórum Fiocruz de Memória, realizada no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio, no dia 15 de agosto.

Coordenadora do grupo de pesquisa Mídia Memória e Temporalidades, que desenvolve, entre outros, o projeto Memória do Jornalismo Brasileiro, Ana Paula participou da mesa-redonda Experiências em memória institucional, ao lado do historiador Fabrício Ribeiro, do Sesc São Paulo. A mediação foi realizada por Lucina Matos (Cogepe/Fiocruz).

É necessário que a memória seja pensada como uma importante ferramenta de gestão, suporte para a tomada de decisões no presente e planejamento para o futuro

Com o tema Memória empresarial: práticas e desafios conceituais, Ana Paula Goulart Ribeiro apresentou um breve histórico dos primeiros núcleos e centros de memória empresarial no Brasil, criados a partir da década de 1980. “Neste período, a memória passa a ser um elemento político e cultural valorizado também nos ambientes empresariais e esses espaços surgem diretamente ligados à ideia de fortalecimento da identidade institucional, tanto interna quanto externamente”, ressalta.

A pesquisadora defendeu apoio a políticas públicas de valorização do patrimônio material e imaterial das empresas brasileiras. “É necessário que a memória seja pensada como uma importante ferramenta de gestão, suporte para a tomada de decisões no presente e planejamento para o futuro. Nesse sentido, é necessário sensibilizar as diversas áreas sobre a importância e o papel que a memória tem em uma instituição, que vai para além da empresa, que vai para a sociedade”, enfatizou. 

Em seguida, o historiador Fabrício Ribeiro, do Sesc São Paulo, apresentou a experiência da instituição durante a palestra O lugar da memória em instituições culturais e socioeducativas: a experiência do Sesc São Paulo. Com mais de 80 anos de história, sete mil funcionários, 40 unidades por todo o Brasil e mais de 15 milhões de frequentadores no ano de 2022, Fabrício destacou os desafios de lidar com todo o conjunto de memórias da instituição. “A memória serve ao presente. Toda essa trajetória mobiliza uma multiplicidade de memórias constituídas de lugares, pessoas, saberes, práticas, percepções, ideias e registros”, disse. 

A memória serve ao presente

Dedicado à memória institucional, o Sesc Memórias foi criado no ano de 2006 como o objetivo de reunir a história institucional e afetiva da empresa, o espaço agrega registros que retraçam o caminho percorrido pelo Sesc São Paulo, desde 1946 até os dias de hoje. “Entre as diversas atividades de pesquisa e ações nas áreas de história, memória, arquivo e patrimônio, o centro de memórias atua na coleta, higienização, organização, guarda e disponibilização da documentação histórica produzida pelas diversas instâncias, reunindo tipologias que vão desde fotografias e figurinos teatrais a entrevistas e objetos”, explicou. 

Diante das novas tecnologias, Ribeiro ressalta a importância da reflexão sobre as multiplicidades de memórias que são geradas. “A questão da tecnologia, das mídias digitais, é ponto um ponto central de discussão. Para além de divulgar, é necessário manter o acesso e, também, se questionar: Por que estou produzindo esse material”, enfatizou.