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Museu da Vida se prepara para produção colaborativa de novo plano museológico

14 fev/2022

Com o desafio de definir as estratégias de atuação que pautarão suas ações nos próximos cinco, o Museu da Vida se prepara para a produção do próximo Plano Museológico (2022-2026). O documento começa a ser construído de forma colaborativa em um momento em que a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) se prepara para fazer a primeira grande entrega do plano de Requalificação do Núcleo Arquitetônico de Manguinhos (Nahm), a exposição da Cavalariça, cuja inauguração está prevista para este semestre e deverá marcar a introdução da nova marca do museu: Museu da Vida Fiocruz. 

Em entrevista Héliton Barros, chefe do Museu da Vida, dá detalhes sobre as expectativas acerca do debate com parceiros institucionais e diz que o exercício de escuta e diálogo será fundamental para a definição do lugar ao qual o museu quer chegar nos próximos anos. “Buscamos uma construção coletiva, que dê voz a pluralidade de agentes internos e externos, refletindo seus pensamentos, anseios e interesses na construção da instituição e na fruição de produtos e serviços artísticos, culturais, educativos, informacionais e científicos do Museu da Vida”, destacou. 

Com o tema Plano Museológico: outras experiências e casos, Victor de Wolf, do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, e Luciana Martins, do Internacional Council of Museums (ICOM), apresentam suas perspectivas na próxima segunda-feira, 14/2, às 9h30 [Para participar, clique aqui].  Já no dia 21/2, às 9h, Andrea Costa, do Museu Nacional, e Alessandro Batista, do Museu da Vida, debatem o Plano museológico MV: aprendizados e perspectivas para o novo ciclo 2022-2026 [Clique aqui e participe]. 

O lançamento do Plano Museológico (2022-2026) ‘Por um museu da Vida mais inclusivo, digital e inovador’ está previsto para o segundo semestre deste ano. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista. 

Você participou da elaboração do primeiro plano museológico. Pode nos contar, de forma breve, como foi o processo? 

Héliton Barros: Participei do trabalho para a finalização do nosso primeiro Plano Museológico, que começou antes mesmo de o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) estabelecer uma legislação específica orientando as instituições museológicas a produzir esse tipo de documento. Assim, a elaboração de um primeiro documento, ainda com nome de Plano Diretor, mas que em essência tinha o mesmo perfil estratégico, foi a base conceitual que resultou no atual Plano Museológico (2017-2021). 

E quais as principais diferenças em relação ao Plano Museológico (2022-2026) que será produzido em breve?  

Héliton Barros: Nesta segunda experiência, o escopo do trabalho muda um pouco, pois temos a possibilidade de fazer um balanço do documento anterior. Deste modo, nossa proposta inclui uma criteriosa avaliação dos programas e diretrizes, buscando um melhor alinhamento com os objetivos estratégiocos da Fiocruz. Além disso, o plano busca fundamentar e estruturar o trabalho do museu considerando o reposicionamento da nova marca, que será lançada em breve, e da requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos (Nahm).  

O Plano de Requalificação do Nahm é um ponto importante para a produção do Plano Museológico, já que insere o debate para além dos limites do Museu da Vida, mobilizando a participação de outros departamentos da Casa, como a área de pesquisa, patrimônio histórico e acervos, além de parceiros de outras unidades. Qual a sua expectativa com relação à contribuição da Casa para a construção coletiva desse Plano Museológico?   

Héliton Barros: A realização do planejamento estratégico do Museu da Vida de forma participativa é um desafio de muitas naturezas, que significa a marca de um museu plural, dialógico e democrático. A escuta ativa dos mais diferentes parceiros incorpora e qualifica a nossa atuação frente a toda instituição.  A mobilização de diversos departamentos da Casa confere, em um primeiro momento, visibilidade às atividades do Museu e aos seus trabalhos de planejamento – o que pode criar e fortalecer parcerias, projetos e ações. Isso torna possível que se identifiquem convergências e abre o espaço para a cooperação.  Esse exercício de escuta e diálogo será fundamental para a definição do lugar em que queremos chegar nos próximos cinco anos e a construção das estratégias que serão descritas em diretrizes, programas, projetos e ações de curto, médio e longo prazo.  

Parceiros de fora da Fiocruz, como representantes da área museal, do território de Manguinhos e o público do Museu da Vida, estarão inseridos nessas discussões?  

Héliton Barros: Sim, nossa abordagem vai além dos limites institucionais e busca envolver os atores que compõem o “ecossistema” do Museu da Vida, nessa mesma perspectiva de cooperação institucional, a partir de convergências de visões, interesses e atuações. Por isso, a proposta prevê a participação de parceiros externos, como especialistas da área da museologia, instituições e movimentos sociais, parceiros institucionais, financeiros, poder e a participação do público.  

O que motivou o tema ‘Por um Museu da Vida mais inclusivo, digital e inovador’?  

Héliton Barros: A cultura, assim como outras áreas do campo social, atravessa uma fase de crises que foi ampliada ainda mais com a pandemia da Covid-19: museus, teatros, cinemas e outros espaços de arte são testados quanto à sua relevância e pertinência, de modo que se testemunha o fechamento definitivo de muitos deles, sendo um dos motivos o distanciamento de seus públicos ou uma obsolescência com relação às repostas e demandas sociais. Dessa forma, instituições como o Museu da Vida aparecem como protagonistas em ações de intervenção e inovação cidadã – com foco na solução de problemas socioambientais, disseminação de informação utilitária e espaço de debate e reflexão. O Museu da Vida, por ser um museu da Fiocruz, precisa manter a relevância de suas ações e ampliar seus impactos positivos, contribuindo para a democratização do acesso à cultura, divulgação e popularização da ciência e valorização do SUS.  

Como o Plano pretende abarcar essas questões sobre inclusão e inovação?   

Héliton Barros: ´É importante destacar que ambas as questões atravessam há bastante tempo os projetos, produtos e serviços do Museu da Vida. Nos últimos anos, foram desenvolvidas ações de acessibilidade com a capacitação da equipe com cursos, webinários, palestras e consultorias. O recebimento de jovens aprendizes surdas, a exposição Cidade Acessível e o livro Educação Museal e Acessibilidade são alguns exemplos. Podem-se incluir também nesse conjunto de ações todo o trabalho de acessibilização de conteúdo multimídia, literário e teatral.  Já com relação à inovação, a comissão organizadora pretende refletir sobre o tema e de que forma os produtos, serviços e projetos do museu inovam nos campos museal e social, e de quais formas sua gestão se configura como inovadora no campo cultural e mesmo no contexto da Fiocruz. Identificando com clareza como se dá a atuação inovadora – na gestão, no desenvolvimento de produtos e na atuação junto à sociedade – com foco no reforço ao posicionamento institucional do Museu da Vida.