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E-book registra atuação do Museu da Vida em favelas do Rio de Janeiro

31 jan/2022

Publicação convida ao debate sobre o papel de centros e museus de ciências em territórios vulnerabilizados


    Capa do livro: Quando o museu vai à favela e a favela vai ao museu

Qual a importância do diálogo e da participação social de territórios de favelas e periferias em museus e centros de ciências? Um e-book lançado pelo Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reúne as respostas encontradas na prática cotidiana de escuta e atuação em territórios vulnerabilizados, especialmente, nos complexos de favelas de Manguinhos, Maré e Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde o campus da Fiocruz está inserido.

Em Quando o museu vai à favela e a favela vai ao museu: ações territorializadas do Museu da Vida, estão documentadas as experiências e reflexões políticas e socioeducativas constituídas por uma linha de trabalho criada em 2015, com foco em territórios urbanos socioambientalmente vulnerabilizados.

Tradição já existente na Fiocruz, a interlocução com os territórios nos quais está inserido está na gênese do Museu da Vida, departamento da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), unidade técnico científica dedicada a preservação da memória, patrimônio e divulgação científica da instituição.

Disponível para download gratuito, a publicação revela a troca permanente com os movimentos sociais, moradores, escolas e demais instituições e organizações de territórios e periferias nos territórios vizinhos ao Museu da Vida, evidenciando elementos importantes para a construção de uma instituição de ciências que alcance e envolva a todos.

Incentivo para que museus se voltem a periferias e favelas


Além de reunir as ações realizadas até aqui, nos seis anos de existência da linha de trabalho Ações Territorializadas, que têm contribuído para promover o diálogo público em ciência, tecnologia e saúde, a publicação é uma forma de agradecimento aos parceiros. O objetivo é promover uma reflexão sobre o trajeto já percorrido e a importância de se ampliar o processo de participação social em museus institucionais de ciências. Há uma expectativa de que o e-book seja uma provocação ao campo dos museus em relação ao trabalho com esse segmento da população urbana.

“O Museu da Vida é muito singular nesse sentido, pois não é tradição dos museus fazer um trabalho para esse segmento da população, e menos ainda os de ciência. Esse trabalho é muito importante, ainda mais no cenário de negacionismos em que estamos”, avalia o historiador Alessandro Batista, um dos organizadores da publicação.

O e-book apresenta o histórico da atuação do Museu da Vida nos territórios, detalhando, entre várias ações, o Curso de Monitores para Centros e Museus de Ciências – iniciado em 1999, tão logo o museu foi inaugurado, e destinado aos jovens moradores das comunidades vizinhas ao campus da Fiocruz – e o Programa de Iniciação à Produção Cultural, o Pró-Cultural.

Por meio da publicação é possível também conhecer experiências educativas para a popularização das ciências em favelas e periferias; o Expresso da Ciência, um ônibus que circula pela capital fluminense e por algumas cidades da Região Metropolitana, para trazer o público ao museu; as exposições itinerantes; e os desafios que se apresentam à linha de trabalho intitulada Ações Territorializadas.

“Hoje, podemos dizer com convicção que o Museu é uma referência institucional em ações territorializadas – fruto de um trabalho consistente, apoiado em conceitos sólidos, mas sobretudo de muita escuta e participação. Neste e-book, o leitor entrará em contado, por meio de entrevistas, relatos pessoais, textos autorais e registros fotográficos, com um universo efervescente de cultura, comprometimento social e infinitas trocas de saberes que permeiam as potentes relações construídas pelo grupo de Ações Territorializadas do Museu da Vida”, destaca o chefe do Museu da Vida Fiocruz, Héliton Barros.